Escola de elite demite coordenadora após críticas a Israel no LinkedIn
Educadora trabalhava na escola em que alunos desenharam suásticas e tocaram hino da Juventude Hitlerista para estudante judeu
atualizado
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São Paulo — Uma coordenadora da Beacon School, escola bilíngue de alto padrão em São Paulo, foi demitida pela instituição após fazer comentários no LinkedIn sobre a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas.
O colégio é o mesmo em que estudantes tocaram o hino da Juventude Hitlerista para um aluno judeu no início deste ano. O caso foi noticiado em primeira mão pelo colunista Mario Sabino, do Metrópoles.
A profissional trabalhava na Beacon há 2 anos e era coordenadora de “Social Emotional Learning”, função responsável por oferecer suporte socioemocional e promover o bem-estar de alunos, funcionários e pais, segundo descrição da própria educadora no LinkedIn.
Uma série de comentários feitos pela funcionária foram compartilhados nas redes sociais por membros da comunidade judaica.
Em um deles, a educadora responde a um vídeo compartilhado por um empresário e que mostra um porta-voz do Hamas abandonando uma entrevista da BBC News após ser questionado sobre as mortes de civis em Israel.
“E os assassinatos de milhares de crianças palestinas por parte de Israel? Vergonha”, diz a ex-coordenadora. O comentário foi feito em outubro de 2023.
Outra imagem mostra um comentário da profissional respondendo a um post sobre um evento pedagógico marcado no Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto em São Paulo.
Em inglês, a ex-funcionária da escola questiona o fato de que críticas endereçadas a judeus são supostamente lidas como antissemitas.
“Isso é bom (…). Mas parece que todas as vezes que alguém discorda de uma pessoa que é judia, eles usam o argumento de que é antissemitismo. Não é sempre antissemitismo e isso precisa parar”, disse a educadora, em tradução livre feita pelo Metrópoles.
Não é possível ver quem fez a publicação ou se a visita ao memorial seria feita por alunos da Beacon. O evento estava marcado para o dia 10 de abril.
Outros prints compartilhados nas redes sociais mostram a ex-coordenadora afirmando que Israel está cometendo genocídio em Gaza e diz que o país está torturando palestinos há 75 anos. Veja:
Após a repercussão das publicações, a Beacon demitiu a coordenadora. “Diante da publicação em redes sociais por uma profissional de seu quadro docente referente ao sensível assunto da guerra entre Israel e Hamas, a Beacon School informa que a responsável pela divulgação não faz mais parte de sua equipe de educadores”, afirma a instituição em nota ao Metrópoles.
A Beacon diz que orienta seus colaboradores a não expressarem opiniões nas redes sociais que estejam em desacordo com as diretrizes da escola e que ofendam “indivíduos ou grupos”. A nota afirma, ainda, que a responsabilidade sobre a publicação de assuntos sensíveis “recai integralmente sobre o autor, independentemente de sua intenção”.
“A Beacon School reafirma que repudia veemente toda e qualquer manifestação de ódio e destaca a sua firme posição contra qualquer forma de discriminação, tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar, seja ela relacionada à nacionalidade, etnia, religião, raça, gênero ou quaisquer outros aspectos”, termina o texto.
O Metrópoles não conseguiu contato com a professora até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Bullying contra aluno
Em março deste ano, o Metrópoles revelou que um estudante judeu da Beacon School foi vítima de antissemitismo na escola.
Segundo o colunista Mario Sabino, seis estudantes fizeram desenhos de suásticas para marcar a presença de um judeu na classe e reproduziram o hino da Juventude Hitlerista.
A vítima, um adolescente de 15 anos, contou sobre o bullying aos pais, que teriam exigido explicações e providências da direção da escola. Os dois agressores foram suspensos por dois dias.
Em nota ao Metrópoles na ocasião, a instituição de ensino afirmou que estava “investigando cuidadosamente os fatos, para que as sanções sejam aplicadas de forma responsável”.
A escola disse que ampliaria seu foco de formação contra qualquer ação discriminatória, envolvendo também as famílias da comunidade escolar e convidando-as a compor um Grupo de Trabalho (GT) com foco em formação de combate ao antissemitismo, a exemplo do que já realizava com o GT antirracista.