Equipe de Nunes minimiza live entre Marçal e Boulos: “Vergonha”
Aliados de Ricardo Nunes avaliam que ausência em encontro com Marçal não prejudica o prefeito e apontam constrangimento a Boulos
atualizado
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São Paulo — A equipe do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, minimizou os impactos negativos de sua ausência na live com o adversário Guilherme Boulos (PSol), realizada nesta sexta-feira (25/10) por iniciativa do influencer Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno das eleições. Nos bastidores, integrantes da campanha de Nunes classificaram o encontro como “uma vergonha” e “constrangedor” para o deputado federal.
Durante a live, que acabou se transformando em uma entrevista, Marçal e Boulos enfatizaram que Nunes havia sido convidado, mas optou por não comparecer. Ao fim do evento, ao vivo, o influencer chegou a telefonar para o prefeito, que não atendeu.
Segundo interlocutores, Nunes considerou, depois da live, que Boulos “perdeu a dignidade” ao participar do evento com Marçal, por atender ao convite do adversário mesmo após a série de ataques de baixo nível que recebeu do influencer ao longo da campanha.
“Perder ou ganhar uma eleição faz parte da democracia. Perder a dignidade é uma escolha pessoal”, disse um integrante da campanha.
A transmissão foi acompanhada por 400 mil pessoas simultaneamente. Boulos, que tem 35% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada nessa quinta-feira (24/10), busca atrair parte dos eleitores que votaram em Marçal no primeiro turno e se informam pelas redes sociais do influencer.
Já Nunes, que tem 49% das intenções, segundo a mesma pesquisa, tem evitado exposições desnecessárias a ataques, seguindo uma estratégia traçada por sua equipe.
Entre os auxiliares da campanha de Nunes, a avaliação foi que Boulos se expôs ao constrangimento logo na primeira pergunta, quando Marçal questionou o que o candidato do PSol faria a partir das 19h de domingo, caso a apuração das urnas confirmasse sua derrota, como indicam as pesquisas.
Outro ponto ressaltado pela equipe de Nunes foi a postura de Marçal, que chegou a afirmar duas vezes que Boulos não teria seu voto.
Um dos estrategistas do prefeito destacou que Boulos “não tocou no assunto que fez as filhas dele chorarem”, referindo-se à acusação infundada, repetida ao longo da campanha, de que Boulos seria usuário de cocaína. “Aí, para dialogar com o eleitor do Marçal, elogiou Dilma, o Foro de São Paulo e o comunismo. Ouviu que Marçal não votaria nele de jeito nenhum.”
Na quinta-feira, em coletiva de imprensa, Nunes anunciou que não participaria do encontro, criticando a mídia por, segundo ele, dar espaço a quem não avançou para o segundo turno, ainda que Marçal tenha recebido 1,7 milhão de votos. Ele disse que Boulos “apertou o botão do desespero”.
A live foi sugerida por Marçal nas redes sociais na quarta-feira (23/10), convite que Boulos prontamente aceitou. A equipe de Nunes já havia criticado Boulos por aceitar participar do encontro, argumentando que o primeiro turno das eleições foi marcado por episódios de violência e desinformação.
Durante o debate promovido pela TV Cultura, Marçal foi atingido por uma cadeira arremessada por José Luiz Datena (PSDB) após chamá-lo de “estuprador”. Em outro evento, no podcast Flow, um membro da equipe de Marçal desferiu um soco no marqueteiro de Nunes, Duda Lima.
Já na véspera do primeiro turno, Marçal divulgou um laudo falso alegando consumo de cocaína por Boulos.
Boulos e Nunes têm um novo encontro marcado ainda nesta sexta-feira (25/10), no debate promovido pela Globo.