Entenda confusão sobre “sumiço” de empresário jurado de morte pelo PCC
Empresário é denunciado pelo Ministério Público por ser mandante do assassinato de dois integrantes da facção criminosa PCC
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Desde que saiu da cadeia com medidas cautelares alternativas, após sua prisão preventiva ser suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach segue um protocolo de segurança compartilhado com seu advogado.
Nessa quarta-feira (21/6), policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) foram acionados após a notícia de que ele teria sido sequestrado. Mas tudo não teria passado de um “mal-entendido”.
Gritzbach, que deixou o sistema prisional no último dia 7, é jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), ele teria mandado matar dois integrantes da facção criminosa.
“Os dois seguranças dele acharam estranho que ele entrou em um carro e começaram a segui-lo. Depois ele foi colocado em outro carro. Nós não sabemos o que foi conversado [dentro dos veículos], nem quem são as pessoas”, afirmou a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, ao Metrópoles, logo após Gritzbach ser localizado.
Ela ainda disse que o empresário seria conduzido ao DHPP para esclarecer a história, “porque realmente mobilizou todo mundo”.
A reportagem apurou que o DHPP foi acionado após a companheira de Gritzbach e os dois seguranças dele ligarem para o advogado Ivelson Salotto, que defende o empresário, informando acharem estranha a movimentação dele de um carro para outro.
Quando chegou ao DHPP, no fim da tarde desta quarta, Gritzbach aparentava nervosismo, segundo policiais que acompanham o caso. O teor de seu depoimento não foi informado. O DHPP segue investigando as pessoas com as quais o empresário conversou para esclarecer os fatos.
“Mal-entendido”
O advogado Ivelson Salotto afirmou ao Metrópoles, nesta quinta (22), que um “mal-entendido” fez com que a polícia fosse mobilizada.
“O Antônio e eu estabelecemos um protocolo de segurança, depois que ele foi solto. Ontem [quarta] ele não o seguiu e me deixou preocupado. Aí, acionamos o DHPP e aconteceu a mobilização toda. Melhor pecar pelo excesso de zelo do que por omissão”, disse o defensor.
Bitcoins
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ambos eram membros do PCC, facção com a qual o empresário manteria negócios na área de bitcoins e criptomoedas.
O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro do ano passado. Ele teve a cabeça arrancada e jogada em uma praça no Tatuapé, na zona leste da capital paulista.
Lavagem de dinheiro e morte
Gritzbach, ainda de acordo com o MPSP, lavava dinheiro para Cara Preta usando operações com bitcoins e investimentos no ramo imobiliário. Após uma disputa entre os dois, em que Cara Preta estaria cobrando a devolução de valores, o empresário teria mandado matar o parceiro de negócios.
O empresário foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia. Em 1º de março, ele foi transferido para São Paulo. Na ocasião, uma força-tarefa com integrantes do Grupo Especial de Reação foi mobilizada para a transferência, com o objetivo de evitar uma tentativa de fuga e garantir a segurança da operação.
Na ocasião da soltura de Gritzbach, o advogado afirmou à reportagem que a denúncia do MPSP foi fundada “apenas em testemunhos de criminosos”, que estariam usando o empresário como “bode expiatório.”
“Não há sequer uma única prova material. Ele, infelizmente, foi alvo de um grande engendro criminoso, digno de um enredo cinematográfico.”