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Entenda a disputa por trás do fechamento dos terminais de ônibus de SP

Suspeita de desvios, troca de comando e divergência sobre eleição no sindicato dos motoristas de ônibus estão por trás de paralisação

atualizado

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Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Imagem colorida mostra Vandevan Noventa, homem pardo, de cabelo preto e barba grisalha, de terno azul e gravata, em uma mesa de audiências da Câmara - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Vandevan Noventa, homem pardo, de cabelo preto e barba grisalha, de terno azul e gravata, em uma mesa de audiências da Câmara - Metrópoles - Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

São Paulo — O protesto que paralisou nove terminais de ônibus de São Paulo na manhã desta terça-feira (21/11), afetando mais de 500 mil passageiros, ocorreu em meio a uma acirrada disputa pelo comando do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimotoristas) da capital paulista, que reúne cerca de 60 mil filiados. A eleição da nova diretoria, que vai desta terça até quarta-feira (22/11), é marcada por trocas de acusações e uma guerra jurídica que parece não ter fim.

Um dos motivos da disputa envolve o método de votação. Três das quatro chapas que concorrem à presidência queriam que as eleições fossem feitas com urnas eletrônicas, fornecidas pela Justiça Eleitoral, para evitar fraudes. Já a chapa de Cristiano de Almeida Porangaba, o Crizinho, que presidia o sindicato até o início do mês, preferiu cédulas de papel, como está no estatuto da entidade.

O pano de fundo dessa briga, contudo, é muito mais amplo e envolve uma investigação sigilosa sobre crime organizado e uma decisão da Justiça Eleitoral de Sergipe sobre o principal nome do sindidato, José Valdevan de Jesus Santos, de 54 anos, conhecido como Noventa (foto em destaque). Líder da categoria desde o início dos anos 2000, ele reassumiu o comando da entidade há dez dias.

Disputa interna

Noventa venceu a última eleição, ocorrida em 2018, que previa mandato até o fim de 2023. Naquele mesmo ano, o sindicalista, que já tinha vencido a disputa em 2013, marcada por um tiroreio, e tido dois mandatos como vereador em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, foi eleito deputado federal pelo PSC pelo estado de Sergipe, onde nasceu.

Dessa forma, a partir de 2019, ele passou a acumular tanto a presidência do sindicato dos motoristas de ônibus paulista como o cargo de deputado federal por Sergipe. Em 2020, porém, uma série de irregularidades na prestação de contas de sua campanha levou a Justiça Eleitoral a cassar o mandato de deputado. O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF),  chegou a anular a cassação, mas a segunda turma do STF reverteu a decisão, que foi efetivada em abril do ano passado.

Quatro meses depois, em agosto de 2022, Noventa foi alvo de uma investigação de crimes tributários, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontou uma série de indícios de que o grupo de Noventa desviou dinheiro do sindicato por meio de contratos de prestação de serviço com empresas de fachada. Ele sempre negou as acusações.

Naquela ocasião, a 2ª Vara de Crimes Tributários da capital determinou o afastamento de Noventa da presidência do sindicato, abrindo caminho para que Crizinho assumisse o comando da entidade. Entretanto, as investigações contra Noventa, que corriam em dois inquéritos em São Paulo, foram enviadas à 27ª Zona Eleitoral de Aracaju, por suspeita de que ele tenha usado os recursos para financiar sua campanha por meio de caixa 2.

Retorno ao poder e novas eleições

Segundo a Justiça do Trabalho de São Paulo, “nos referidos procedimentos, houve decisão do magistrado que os preside no sentido da revogação das medidas cautelares impostas ao requerido desta ação trabalhista”. Dessa forma, a Justiça Eleitoral de Sergipe decidiu pela recondução de Noventa ao cargo de presidente do Sindimotoristas.

“O líder histórico dos condutores de São Paulo afirmou ser vítima de uma campanha suja, de perseguição contra a sua pessoa por parte de setores econômicos, que acabou, inclusive, atingindo sua família, seus entes queridos”, publicou o site do sindicato após o retorno de Noventa, no dia 10/11. Crizinho, porém, afirmou à Justiça Trabalhista que não havia sido notificado da decisão e se manteve no cargo.

Noventa chegou a convocar uma assembleia na sexta-feira (17/11), que foi anulada pela Justiça do Trabalho após ação de Crizinho, e outra para segunda (20/11), para tratar sobre negociação salarial. O grupo de Noventa afirma, contudo, que o que foi decidido na assembleia é desrespeitado pelos opositores dentro do sindicato, entidade que tem receita milionária.

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