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Empresas de ônibus lucram R$ 850 mi em 4 anos com subsídios em alta

As 27 empresas que operam a frota de ônibus da cidade de São Paulo acumularam lucro de R$ 850 milhões mesmo com queda recorde de passageiros

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1 de 1 Imagem colorida mostra multidão tentado entrar em ônibus lotado durante a noite em São Paulo - Metrópoles - Foto: Getty Images

São Paulo — As empresas que operam a frota de ônibus da Prefeitura de São Paulo acumularam lucro líquido de quase R$ 850 milhões nos últimos quatro anos, diante da escalada dos subsídios públicos que deve chegar a R$ 5,3 bilhões só neste ano para compensar queda recorde do número de passageiros na cidade.

O declínio na quantidade de passageiros é uma da razões apontadas pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), para estrear, a partir deste fim de semana, política de tarifa zero nos ônibus aos domingos.

O valor do lucro das empresas foi somado pelo Metrópoles a partir de informações dos balanços financeiros de todas as 27 empresas que operam a frota de ônibus da cidade. O período é a partir de 2019, quando os atuais contratos de concessão foram assinados, até 2022. Os dados deste ano ainda não estão disponíveis.

A taxa de lucro das empresas, segundo esses dados, foi maior justamente nos anos mais agudos da pandemia de Covid-19 (2020 e 2021), quando as medidas de distanciamento social adotadas pelo poder público para retardar o contágio da doença retiraram passageiros do transporte público.

Em 2019, antes da pandemia, os ônibus de São Paulo fizeram 2,6 bilhões de viagens. O número despencou para 1,6 bilhão em 2020, por causa da pandemia. Em 2022, mesmo após a crise, o valor foi de 2 bilhões.

Por outro lado, em 2019, o gasto total da operação da frota havia sido de R$ 8,8 bilhões. Em 2022, mesmo transportando menos gente, os repasses totais feitos pela Prefeitura às empresas passaram para R$ 10,4 bilhões.

Os pagamentos às empresas são feitos a partir de um cálculo da SPTrans que considera os custos operacionais (como o óleo diesel, outros insumos, funcionários e até as prestações dos ônibus) e a taxa de retorno aos empresários, que garante o lucro.

O dinheiro que as empresas recebem vem, em parte, da venda direta de passagens e dos créditos do bilhete único. Como esses recursos não são suficientes para cobrir todos os custos operacionais, a Prefeitura complementa a conta com o dinheiro dos cofres públicos — o subsídio.

A tarifa de ônibus está congelada desde 2020 em R$ 4,40. O prefeito Nunes já declarou que pretende não conceder novo aumento no ano que vem. Contudo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vem pressionando por um reajuste, uma vez que os sistemas de trens e do metrô, sob responsabilidade estadual, vêm acumulando prejuízos.

Em nota, a SPTrans informou que os operadores da rede municipal de ônibus “são remunerados de acordo com os termos previstos no contrato de concessão, com taxa interna de retorno definida em 9,1%” e que “o lucro líquido das empresas é resultado da administração interna de cada uma”.

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