Empresário usou pistola calibre 45 para matar policial nos Jardins
Empresário Rogério Saladino usou, ainda, uma pistola 380 para receber policiais a tiros na porta de sua mansão; ação terminou com 3 mortos
atualizado
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São Paulo – O empresário Rogério Saladino, 56 anos, morto em tiroteio com a polícia na noite de sábado (16/12) em São Paulo, usou uma pistola calibre 45 para matar a policial civil Milene Bagalho Estevam, 39 anos. Ele também era o dono da pistola calibre 380 encontrada no local. Embora tivesse algumas armas em seu nome, a Polícia Civil não confirmou se as pistolas usadas no dia do tiroteio estavam registradas.
“Ele tinha algumas armas em seu nome no Sinarm [Sistema Nacional de Armas, da Polícia Federal]. Agora estamos checando as outras armas, se eram registradas no Exército”, disse Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo.
Saladino morreu após receber policiais a tiros em sua mansão nos Jardins, região nobre de São Paulo. Os agentes tinham ido ao local para pedir imagens das câmeras de segurança que pudessem auxiliar na investigação de um crime na vizinhança. Saladino, contudo, acreditou se tratar de “um golpe” e recebeu os agentes a tiros – ele estava com as pistolas 45 e 380.
Segundo apurou a polícia, o empresário teria chegado a ver as imagens externas da casa e comentado: “Isso é golpe mesmo”. “Ele pediu para o vigilante Alex James Gomes Mury, 49 anos, abrir o portão e já desferiu o tiro fatal na Milene. E continuou atirando: acertou no Uber que estava parado em frente e acertou no portão da casa da frente”, afirmou Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic.
“O disparo na policial foi com a pistola calibre 45”, afirmou o delegado Dian. O tiro foi feito a uma distância entre 8 e 10 metros. “O empresário abriu a porta da casa dele e já passou a atirar na policial”, disse. “Ele simplesmente abriu [o portão], se abrigou e começou a atirar na policial, que estava inclusive falando com o delegado dela [por telefone], reportando a diligência.”
Depois que Milene foi baleada, um parceiro da policial revidou os tiros e atingiu o empresário. Ao ver o patrão ferido, o vigilante Alex James Gomes Mury, 49 anos, teria pegado a pistola 380 de Saladino para tentar reagir e também foi baleado pelo policial.
Saladino, a policial e o vigilante morreram na ação (veja abaixo).
De acordo com a polícia, acontecia uma festa na mansão de Saladino no momento do tiroteio. Havia convidados no local e consumo livre de bebidas alcoólicas.
A modelo Bianca Klamt, namorada de Saladino, no entanto, negou a informação em suas redes sociais. “Não é verdade. Estávamos tranquilos, poucas pessoas, eu estava montando um almoço”, afirmou.
Bianca lamentou a morte do namorado. “Meu coração está em prantos, meu amor. Ainda não acredito. Te amo eternamente”, escreveu.
A polícia informou que, no quarto de Saladino, encontrou vários tipos de drogas. Entre as substâncias havia haxixe, maconha e drogas sintéticas.
Quem era o empresário
Rogério Saladino era presidente do grupo Biofast, uma empresa da área de medicina diagnóstica, e conhecido das colunas sociais pelos eventos que promovia com empresários e celebridades em sua casa de veraneio em Trancoso, no litoral sul da Bahia.
Além da mansão nos Jardins, um dos bairros mais ricos de São Paulo, Saladino tinha casa no luxuoso condomínio Altos do Segredo, em Trancoso, onde costumava receber personalidades em almoços, festas e jantares. Ele deixa um filho de 15 anos.
Policial civil morta
A policial morta por Saladino estava na corporação havia sete anos e deixa uma filha de cinco anos. Ela trabalhava no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, do Deic, Milene era uma das melhores policiais da divisão. “No Deic eu tenho 650 policiais, e a Milene era a que mais se destacava. De cada 10 latrocínios que a gente atendia, ela e o parceiro esclareciam 8. É uma perda irreparável”, disse.
Milene foi enterrada nesse domingo (17/12), em um funeral que reuniu centenas de colegas. Durante o velório, realizado no Crematório da Vila Alpina, muitos policiais civis choravam e outros, comovidos, mal conseguiam falar com a imprensa.
As viaturas seguiram em cortejo do local onde o corpo foi velado até o cemitério, uma distância de cerca de 500 metros. As sirenes foram ligadas e o trânsito foi fechado por batedores.