Empresa que transferiu dinheiro para aluna da USP se reunirá com o Procon
Alicia Dudy Muller admitiu ter retirado quase R$ 1 milhão das contas da empresa responsável pelo dinheiro de festa de formatura da USP
atualizado
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São Paulo – A empresa responsável por gerir o dinheiro da festa de formatura da 106ª turma da Faculdade de Medicina da USP vai se reunir com o Procon-SP na segunda-feira (23/1), para prestar esclarecimentos ao órgão de defesa de consumidor sobre o “sumiço” de quase R$ 1 milhão da comissão.
A estudante Alicia Dudy Muller, de 25 anos, confessou nessa quinta-feira (19/1) que retirou R$ 937 mil reais da conta da empresa ÁS Formaturas e usou parte do dinheiro em benefício próprio. Ela foi indiciada por apropriação indébita.
Segundo a investigação, a aluna fez um total de nove saques de contas da empresa. O Procon quer entender qual foi a relação jurídica da empresa com cada um dos formandos – 110, no total – e qual instrumento jurídico autorizava a transferência de todos os valores para a estudante que desviou o dinheiro.
A empresa já enviou as primeiras explicações ao órgão, mas as respostas foram consideradas insatisfatórias, com informações “genéricas e que não especificaram os questionamentos feitos”, segundo o Procon.
Ainda de acordo com o órgão de defesa do consumidor, “caso a ÁS Formaturas não tenha zelado pelo patrimônio dos consumidores, ou seja, não tenha feito a guarda dos valores de modo adequado, ela poderá responder a processo administrativo”.
Investigação
Alicia Dudy Veiga prestou depoimento nessa quinta-feira (19/1) à Polícia Civil. Ela confessou o desvio no dinheiro e foi indiciada por apropriação indébita. Por enquanto, a estudante de 25 anos vai responder o processo em liberdade, mas existe a chance de ela ser alvo de um pedido de prisão preventiva.
Além do inquérito que investiga o crime de apropriação indébita, Alícia também é investigada por outro inquérito, que corre no Deic de São Bernardo do Campo, sobre estelionato e lavagem de dinheiro. Essa investigação teve início após a estudante tentar apostar quase R$ 900 mil em jogos de loteria.
No depoimento à polícia, ela afirmou ter feito os jogos na tentativa de recuperar o dinheiro da formatura que havia perdido. Além das apostas, Alicia admitiu ter gastado parte da quantia em benefício próprio, com aluguéis de carro e apartamento, além da compra de equipamentos eletrônicos, como um iPad de última geração.
Até o momento, a polícia ouviu Alícia, dois alunos e um membro da empresa responsável. Outras pessoas ligadas à empresa serão ouvidas, assim como a namorada da suspeita e outros membros da comissão de formatura.
O que diz a ÁS Formaturas
A ÁS Formaturas afirma que não era responsável pela realização ou produção do evento de formatura. A empresa era incumbida de arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma.
Em nota, a ÁS informou que “todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais”.
A empresa afirma que os “critérios para movimentação dos valores arrecadados estão estabelecidos no contrato celebrado entre a Comissão de Formatura e a Ás Eventos”, o qual prevê que “o repasse dos valores arrecadados poderia ocorrer para conta definida pela comissão de formatura, podendo ou não ser de titularidade da mesma”.
A ÁS diz ainda que a comissão de formatura não criou uma conta bancária de pessoa jurídica para receber os valores e que a conta indicada “foi a conta corrente da Presidente da Comissão, Alícia Dudy Miller Veiga”.
“Além disso, todas as transferências para a presidente da comissão foram comunicadas à Comissão de Formatura – que conta com 20 alunos – por meio de relatório gerencial e mensagens enviadas via e-mails e grupo de WhatsApp reunindo a comissão e a Ás”, afirmou em nota a empresa.
A ÁS Eventos diz que prestou esclarecimentos à polícia e ao Procon e que continua à disposição das autoridades.