Emboscada: torcedor do Cruzeiro continua internado em estado grave
Torcedor que está em estado grave foi transferido para o Hospital Estadual de Franco da Rocha na segunda-feira (28/10) e segue internado
atualizado
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São Paulo — Um torcedor do Cruzeiro, vítima da emboscada realizada por membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) no km 65 da Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo, segue internado no Hospital Estadual de Franco da Rocha, em estado grave.
Também há um paciente internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, com quadro clínico estável. O torcedor está consciente, orientado e recebendo medicação para controle da dor. Ele está acompanhado do pai e aguarda transferência para um centro especializado onde passará por uma cirurgia ortopédica.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informou que o outro paciente que ainda estava na unidade de saúde de Franco da Rocha recebeu alta nesta quarta-feira (30/10). O homem que está em estado grave foi transferido para o hospital por meio da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), na segunda-feira (28/10).
A emboscada
Por volta das 5h da manhã de domingo (27), no km 65 da Rodovia Fernão Dias, no centro de Mairiporã, membros da Mancha Alvi Verde, torcida do Palmeiras, fizeram uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro. Durante o ataque, um homem foi morto carbonizado e 17 ficaram feridos.
Em um dos vídeos do ataque, é possível ouvir um homem falando “É a Mancha, car****. Aqui é a Mancha, por**”, fazendo referência à torcida organizada.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram acionados para a ocorrência e, no local, encontraram um ônibus incendiado e outro depredado. Foram apreendidos rojões, fogos de artifício, barras de ferro e madeiras, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais.
Como mostrado pelo Metrópoles, a organizada palmeirense teria monitorado e interceptado os cruzeirenses, que viajavam em dois ônibus na Rodovia Fernão Dias. Os torcedores mineiros voltavam de Curitiba (PR), onde o Cruzeiro jogou no sábado (26/10) contra o Athletico Paranaense e perdeu por 3 a 0.
Investigações
A polícia pediu a prisão de 6 membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) em decorrência da emboscada.
Parte dos suspeitos envolvidos na emboscada foram identificados pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), especializada em brigas de torcidas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a autoridade policial segue empenhada no esclarecimento dos fatos. Para isso, os agentes devem analisar imagens de câmeras de segurança que ficam próximas ao local do ataque. As informações obtidas serão cruzadas com o banco de dados da Drade, que tem dados de torcedores ligados a organizados.
Os membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) serão investigados pela Polícia Civil e vão responder criminalmente por homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
Segundo a SSP, a polícia apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames do Instituto Médico Legal às vítimas para realizar as investigações. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para identificação e responsabilização dos envolvidos, diz a nota.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também vai investigar a torcida organizada do Palmeiras, como facção criminosa. “Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade. Por isso, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinou que, para além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado [Gaeco] entre no caso”, disse Oliveira e Costa.
“Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do GAECO”, acrescentou o chefe do MPSP.
Até o momento do fechamento desta reportagem, não havia atualizações sobre as investigações. O Metrópoles busca contato com a DRADE para saber se algum suspeito já foi identificado.
Possível vingança dos torcedores
A emboscada realizada por torcedores palmeirenses pode ter sido vingança a um ataque semelhante que aconteceu em 28 de setembro de 2022.
Na ocasião, o confronto entre os torcedores do Cruzeiro e do Palmeiras aconteceu na altura do km 593 da mesma rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais. Em imagens publicadas nas redes sociais, era possível ver palmeirenses armados com paus e barras de ferro. Rojões também foram usados no confronto. Alguns envolvidos na confusão apareceram ensanguentados.
Em maior número, os torcedores do Cruzeiro espancaram diversos membros da torcida do Palmeiras, entre eles Jorge Luis, atual presidente da Mancha Alvi Verde (veja abaixo).
Os palmeirenses estavam indo para Belo Horizonte, onde o Verdão jogaria contra o Atlético-MG pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os cruzeirenses se deslocavam para Campinas, onde a equipe tem jogo contra a Ponte Preta pela 32ª rodada da série B.