Emboscada e queima de arquivo: polícia esclarece execução de família
Inquérito aponta que Anderson Marinho foi morto durante encontro para entregar drogas; esposa e filha morreram por terem testemunhado crime
atualizado
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São Paulo — Concluído esta semana pela Polícia Civil, o inquérito sobre a morte de três pessoas da mesma família em um canavial em Votuporanga, no interior de São Paulo, apontou que Anderson Marinho, de 35 anos, foi vítima de uma emboscada. Sua mulher, Mirele Tofalete, de 33, e a filha do casal, Isabelly, de 15, foram mortas por terem testemunhado o crime. Três pessoas foram presas.
A família tinha desaparecido no dia 28 de dezembro, após sair de casa, em Olímpia, para comemorar o aniversário de Mirele em um almoço em São José do Rio Preto — destino onde jamais chegaram. Os corpos da família foram encontrados, com marcas de tiros, em um canavial de Votuporanga, no dia 1º de janeiro, já em estado de decomposição.
De acordo com o delegado Tiago Madlum Araújo, da Delegacia de Investigações Gerais de Votuporanga, Anderson teria ido espontaneamente até a estrada rural onde foi morto, para fazer uma entrega de maconha. “Ele tentou contratar uma pessoa para fazer essa entrega para ele, mas esse transportador recusou por considerar o valor do pagamento muito baixo”, disse. “Anderson, então, decidiu entregar por conta própria.”
Para o delegado Madlum, a hipótese mais provável é que os três homens que marcaram o encontro com Anderson já com o intuito de matá-lo. O crime pode ter sido encomendado devido à fama de “X9” (gíria para delatores de criminosos) da vítima.
Outra possibilidade, mais remota, é de que os criminosos mataram Anderson apenas para ficar com a droga. Não se sabe se houve alguma discussão antes dos primeiros tiros. Anderson foi encontrado morto do lado de fora do carro da família.
Queima de arquivo
Mirele e Isabelly foram mortas dentro do carro provavelmente por queima de arquivo, já que viram os rostos dos assassinos. “Talvez eles só tenham percebido a presença delas depois de matar Anderson”, disse o delegado.
No celular de Isabelly havia uma ligação para o 190, não completada, às 14h17 do dia 28. “Esse detalhe permitiu estabelecer o horário das mortes”, afirmou Madlum.
Os três assassinos foram identificados pela polícia como João Pedro Teruel, 23 anos, preso em 18 de janeiro, e os irmãos Rogério Schiavo, preso em 28 de janeiro, e Danilo Roberto Barboza da Silva, detido em Minas Gerais em 7 de fevereiro.
Segundo o delegado Madlum, os três negam participação no crime, mas uma troca de mensagens entre Rogério e Danilo revela o plano de fuga dos dois logo após a prisão de João Pedro.
João Pedro, Rogério e Danilo foram indiciados por triplo homicídio qualificado (por motivo torpe, à emboscada e, no caso de Mirelle e Isabelly, para garantir a impunidade). Os três tiveram a prisão temporária convertida para preventiva esta semana.
O caso, agora, foi encaminhado para o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Ligação com o “rei do tráfico”
A suspeita de que a execução da família estava relacionada com uma possível negociação de drogas era investigada pela polícia desde o início. Como revelado pelo Metrópoles, Anderson já havia sido preso por tráfico de drogas, em 2015, com Ricardo Luis Pedro, conhecido como o “rei do tráfico”, no bairro São José, na cidade de Olímpia.
Segundo o registro criminal do pai da família, ele foi condenado por tráfico a dois anos e um mês de pena, já iniciada no regime semiaberto.
Antes disso, ele já havia ficado preso provisoriamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José do Rio Preto. Na época, Anderson recebeu o benefício de cumprir o restante da pena em prisão domiciliar.