Em voo, piloto da VoePass pede respeito à companhia após acidente
Em voo realizado na manhã seguinte a morte de 62 pessoas, piloto lamentou ocorrido e disse que ATR-72 é “ultrasseguro”
atualizado
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São Paulo — Durante um voo que ocorreu nesse sábado (10/8), no dia seguinte ao acidente com um avião da VoePass que matou 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo, um piloto da companhia aérea usou o sistema de autofalantes da aeronave para pedir respeito à empresa e disse que o modelo ATR-72, em que estavam as vítimas é “ultrasseguro”.
O comunicado, registrado em vídeo por uma repórter da Folha de S.Paulo, foi gravado antes de uma aeronave do mesmo modelo decolar do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino a Cascavel, no Paraná, trajeto oposto ao realizado no dia do acidente.
“É notório, todos vocês sabem do acidente que aconteceu ontem [sexta-feira] com nossos amigos aqui na base de São Paulo. Gostaria de dizer que é uma fatalidade. [Danilo Santos] Romano, o comandante, era meu amigo pessoal. Todo mundo que estava a bordo, eu conhecia há muito tempo”, disse o piloto.
Segundo ele, apesar da aeronave ser mais suscetível ao gelo, ela não tem problemas para operar em condições de baixas temperaturas.
“Toda vez que vocês ouvirem alguma coisa sobre o ATR, informem que é um avião ultrasseguro. Existem mais de 2 mil unidades voando no mundo. É um avião que voa na Europa, nos Estados Unidos, na neve, então ele não tem problemas para operar em condições de gelo”, continuou.
De acordo com a reportagem da Folha, o voo decolou por volta das 10 horas com 15 assentos vazios. A partida atrasou mais de uma hora porque a tripulação precisou esperar a outra aeronave ATR-72 chegar de São José do Rio Preto.
Assista:
No dia seguinte à queda do avião da Voepass, um piloto pediu respeito à empresa, afirmou que o modelo ATR-72 é ultrasseguro e lamentou a tragédia. O acidente ocorreu no início da tarde desta sexta (9) em Vinhedo (SP), a 79 km da capital paulista, e matou todos os 62 passageiros e… pic.twitter.com/pRaIFEvThG
— Folha de S.Paulo (@folha) August 10, 2024
Causa do acidente
Nos próximos 30 dias, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) deve trabalhar em um relatório preliminar sobre o que teria provocado a queda do avião.
A principal suspeita é que tenha havido uma falha no sistema anticongelamento da aeronave, que teria provocado o acúmulo de gelo, fazendo com que o piloto perdesse o controle. Com isso, o avião começou a cair verticalmente, em “parafuso chato”, até se chocar contra o solo.
Nesse sábado (10/8), o chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, reafirmou que o avião da VoePass não fez contato com a torre de controle para comunicar emergência.
“O que nós temos até o momento é que não houve, por parte da aeronave, comunicação entre os órgãos de controle de que haveria uma emergência”, afirmou Moreno.
Vítimas
Na noite de sábado (10/8), as equipes de resgate concluíram a retirada dos corpos das 62 duas vítimas do acidente aéreo. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo, onde as famílias aguardam para fazer o reconhecimento.
O IML foi fechado para o caso. Uma força-tarefa, que reúne mais de 40 profissionais, entre os quais 30 médicos e odontologistas, radiologistas e antropologistas, trabalham no local, segundo o governo estadual, para liberar os corpos para que as famílias se despeçam e prestem as últimas homenagens.
A Prefeitura de Cascavel, no oeste do Paraná, disponibilizou o centro de eventos da cidade para a realização de um velório coletivo das vítimas.