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Em sessão tumultuada, Câmara aprova em 1º turno novo Plano Diretor

Revisão do Plano Diretor libera construção de prédios mais altos nos bairros ao redor de corredores viários da cidade; 2º turno será em 21/6

atualizado

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Câmara Municipal
1 de 1 Câmara Municipal - Foto: Bruno Ribeiro/Metrópoles

São Paulo — Em sessão tumultuada, a Câmara Municipal da capital paulista aprovou em primeiro turno, na noite desta quarta-feira (31/5), projeto de lei do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que altera o Plano Diretor Estratégico (PDE) e libera a construção de prédios mais altos ao redor de estações de metrô e corredores viários da cidade.

O texto foi aprovado por 42 votos a favor, de um total de 55 vereadores. Doze votaram contra. Para ser levado à sanção do prefeito, o texto ainda precisa passar por uma segunda votação, prevista para o próximo dia 21. Até lá, ele pode sofrer novas alterações.

O projeto vai permitir que as construtoras ergam torres com uma área de até seis vezes o tamanho de um terreno em uma faixa de até um quilômetro de distância das linhas de metrô, ante um limite de até 600 metros vigente atualmente.

Entenda aqui as sete principais mudanças que o novo projeto de lei traz à organização urbana da cidade.

Confusões e promessas de ações na Justiça por parte da bancada de oposição marcaram votação. Vereadores tiveram suas falas interrompidas por parlamentares da base governista quando fizeram críticas ao projeto.

A vereadora Luana Alves (PSol) levou uma faixa dizendo que São Paulo estava à venda. Mas ela foi retirada de suas mãos pelo vereador João Jorge, líder da bancada do PSDB, o que gerou discussões e gritos entre os parlamentares no plenário.

Luana dizia que a cidade estava sendo entregue ao setor imobiliário e o vereador Rubinho Nunes (União), presidente da Comissão de Política Urbana, rebateu acusando o partido dela de promover “invasões” e “terrorismo”, em referência ao deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Veja a discussão:

 

O clima de tensão na Câmara vem desde o começo do mês. A oposição, em especial a bancada do PSol, vinha se queixando de que a base governista não havia discutido o projeto de forma adequada. A revisão do Plano Diretor ficou dois meses em discussão na Casa. O PDE original, votado na gestão Fernando Haddad (PT), em 2014, ficou em debate por nove meses.

Rubinho Nunes rebateu as críticas, ressaltando que a Câmara fez mais de 50 audiências públicas para debater o projeto e discutir a revisão do plano com a população.

“Tivemos um número recorde de audiências públicas”, disse Rubinho. “A vereadora Silvia da Bancada Feminista (do PSol) foi a que mais teve emendas acatadas”, completou. “Não quero acreditar que houve má-fé dos vereadores. Acredito que houve desinformação.”

O Plano Diretor define regras para as construções na cidade, determinando que algumas áreas podem ter prédios mais altos e outras não. Já a lei de zoneamento, que também será revisada em breve, determina quais funções cada edificação pode ter em uma área: se só pode ser residencial, comercial e até ter outros usos, como para fábricas.

PT apoia PSol

Depois dos embates entre PSol e o governo, o PT, que até então vinha fazendo oposição moderada ao projeto, passou a defender o PSol.

“O que este plano está ‘pensando’ é em como ajudar as grandes construtoras, como ajudar o mercado imobiliário, como ajudar as elites. Não é em como ajudar quem precisa de moradia popular”, afirmou a vereadora Luna Zarattini (PT).

O prefeito Nunes enviou o secretário da Casa Civil, Fabrício Cobra Arbex, para pressionar a base aliada e garantir lealdade dos vereadores durante a votação. O prefeito vem sendo cobrado pelos vereadores para enviar também o projeto da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que altera o zoneamento da cidade.

A Câmara deve, agora, realizar mais oito audiências públicas para discutir a redação final do PDE, que deve ser votada no próximo dia 21.

PIU Jurubatuba

Na mesma sessão, a Câmara aprovou também outra mudança urbanística, o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Jurubatuba, por 48 votos favoráveis e seis contra.

O projeto permite a construção de arranha-céus em bairros ao redor dos rios Pinheiros, Jurubatuba e Guarapiranga, na zona sul da cidade, mediante o pagamento de outorgas à Prefeitura.

Os  recursos arrecadados com o pagamento terão de ser investidos em obras de infraestrutura para a região, como avenidas, corredores de ônibus e estruturas de drenagem.

No texto, há previsão de que áreas particulares sejam desapropriadas pelo poder público para a construção de moradias populares, determinando que as famílias desapropriadas só tenham de sair de casa quando já tiverem a nova moradia, o modelo “chave a chave”.

No caso do PIU, que estava em discussão na Câmara desde 2018, a votação foi em segundo turno (final). O projeto será levado agora para sanção do prefeito Ricardo Nunes.

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