Em protesto, professores pedem demissão de secretário da Educação de Tarcísio
Professores criticam a decisão de Renato Feder de cortar os livros didáticos enviados por programa do governo federal
atualizado
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São Paulo – Professores da rede estadual de São Paulo pedem a saída o secretário de Educação Renato Feder em protesto contra o corte dos livros didáticos do Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD), do governo federal.
Os educadores fizeram uma manifestação, na tarde desta quarta-feira (16/8), na Praça da República para criticar a decisão de Feder de abrir mão do material enviado pelo Ministério da Educação. Segundo eles, o conteúdo é essencial para as aulas.
“Tirar livro é como tirar a colher de pedreiro do pedreiro. Não dá para trabalhar dessa maneira”, diz o professor Patrick Garcia Sanchez, da Escola Estadual Professor Miguel Vitor Romano.
Patrick afirma que os slides enviados para a rede são superficiais e insuficientes para um aprendizado de qualidade: “A gente quer que eles se aprofundem, mas com o slide a gente tá caminhando para o contrário, tá caminhando para a superficialidade”, afirma o professor.
A professora Priscila Perrun também criticou os slides: “Mata a imaginação, a criatividade em sala de aula”, afirma a educadora, que é responsável pela disciplina de Artes.
“Os livros tinham os textos na íntegra, um aprofundamento maior na vida do artista, no contexto histórico”, diz ela. “Colocando o aluno preso só aos slides, o professor de arte não tem tempo de trabalhar a arte prática”, completa.
Para a professora Verusca Sales Azevedo, que dá aula de história em uma escola na periferia de Guarulhos, o corte dos materiais do PNLD fere a autonomia dos professores, já que cada escola escolhia seus próprios livros com o programa federal.
“Tira o nosso direito de escolha e tira do nosso aluno talvez o único livro que ele vai ter em casa”, afirma ela.
A professora afirma que as apostilas do Currículo em Ação, que se tornarão o principal material didático com o fim do PNLD, contam com gabaritos na internet e que os alunos copiam as respostas dos exercícios.
“A gente não quer um aluno que vá copiar. Com todas as dificuldades, estamos aqui para defender uma educação que tenha qualidade e criticidade”, afirma ela
O ato foi convocado pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), mas também contou com a participação de professores da rede privada e do Centro Paula Souza.
Os educadores levaram bandeiras e cartazes contra o fim do PNLD nas escolas. Vários professores também carregavam livros didáticos. Ao término do ato, o grupo andou em volta do prédio da Secretaria da Educação, fazendo uma espécie de “abraço simbólico” e entoando gritos de “fora Feder”.
O protesto é uma reação da categoria à decisão da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) em recusar o material didático fornecido pelo Ministério da Educação através do Programa Nacional para Livros Didáticos (PNLD).
Em entrevistas, o secretário Renato Feder afirmou que irá utilizar material próprio e investir em conteúdos digitais para os alunos.
Inicialmente, a secretaria da Educação afirmou que estudantes a partir do 6º ano do Ensino Fundamental não teriam material didático impresso para as aulas.
Depois de uma série de críticas de professores, alunos e especialistas, o governo recuou em parte do anúncio e decidiu manter as apostilas impressas do Currículo Em Ação para os alunos.
As apostilas já são entregues nas escolas atualmente e contam com exercícios para os estudantes, além de material de apoio.