Em meio à onda de calor, crescem casos de dengue em São Paulo
Em dez meses deste ano, número de casos de dengue já superou 2022, com mais de 12,7 mil registros; calor pode aumentar proliferação do Aedes
atualizado
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São Paulo — A onda de calor extremo que atinge a capital paulista esta semana levantou um novo alerta de saúde pública. As altas temperaturas, muitas vezes acompanhadas por chuvas, têm contribuído para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, entre outras doenças.
Na cidade de São Paulo, foram registrados 12.742 casos de dengue até o dia 11 de novembro de 2023, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em pouco mais de dez meses, o número já ultrapassou o total de todo o ano passado, quando foram registrados 11.920 casos da doença.
As mortes causadas pela dengue este ano também chamam a atenção. Com 10 mortes, o número é o maior registrado nos últimos oito anos na cidade. No ano passado, foram duas vítimas da doença, segundo a SMS.
De acordo com o médico Fernando de Oliveira, infectologista do Hospital São Luiz Morumbi, a incidência de casos de dengue varia conforme as condições climáticas e está diretamente associada ao aumento das temperaturas e das chuvas.
“Esse cenário climático favorece o aumento do número de criadouros disponíveis, assim como o desenvolvimento do vetor”, disse Oliveira. A combinação dessas condições, explica o médico, resulta no cenário ideal para que o mosquito que transmite o vírus se espalhe.
O infectologista lembra que outros fatores, como circulação de pessoas, urbanização e saneamento básico, também podem contribuir para o crescimento de casos de dengue.
Recorde de calor
Nessa segunda-feira (13/11), a cidade registrou o dia mais quente do ano, com a temperatura chegando a 37,4º C às 15h na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte da capital paulista, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A Secretaria da Saúde informou que, neste ano, foram realizadas mais de 4,6 milhões de ações de prevenção ao Aedes aegypti no município, como visitas casa a casa, vistorias a imóveis e pontos estratégicos, ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, orientações à população, entre outras atividades específicas.
A pasta disse, ainda, que, entre 2022 e 2023, foram importados 15 mil litros de inseticida para nebulização (fumacê) contra o mosquito Aedes aegypti e aquisição e distribuição de 20 mil armadilhas de autodisseminação de larvicida em todas as regiões da cidade, com histórico de maior incidência de casos da doença.
Medidas de prevenção
Segundo o médico Fernando de Oliveira, não há um tratamento específico para a doença, mas ele destaca as principais medidas de prevenção:
- Eliminação de criadouros dos mosquitos: mantenha reservatórios e locais que possam acumular água cobertos com tela e tampas;
- Utilização de mosquiteiros, telas em portas e janelas;
- Ações individuais de prevenção: proteja as áreas do corpo contra picadas do mosquito por meio do uso de calças e camisas de mangas longas; além disso, use repelentes em áreas expostas do corpo
Atualmente, segundo o infectologista do Hospital São Luiz, há duas vacinas aprovadas contra a dengue no país. No entanto, os imunizantes estão disponíveis apenas em clínicas particulares.