Em meio a apagão, Aneel abre consulta para renovar contrato da Enel
Aneel abriu consulta pública para renovar contratos de concessão no mesmo dia em que Tarcísio de Freitas defendeu suspender acordo com Enel
atualizado
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São Paulo — A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, na manhã desta quarta-feira (15/10), abrir uma consulta pública para renovar a concessão da Enel para a distribuição de energia em São Paulo. A decisão foi divulgada praticamente no mesmo instante em que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defendia que a empresa, de origem italiana, deixasse o país e tivesse seu contrato suspenso, diante do apagão que atinge partes da Grande São Paulo desde a última sexta-feira (11/10).
A concessão da Enel para a gestão da distribuição de energia na Grande São Paulo vence apenas em junho de 2028 e foi incluída em um pacote de discussões que pretende prorrogar 19 contratos de concessão, que vencem entre 2025 e 2031. A empresa italiana também possui concessões de áreas no Rio de Janeiro e no Ceará, que podem ser igualmente beneficiadas com a prorrogação.
As discussões na Aneel têm como base um decreto editado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em junho, que estabelece regras para a prorrogação de concessões já vigentes, em vez de novas licitações. As regras permitem que as empresas sejam mantidas em suas áreas mediante novas diretrizes para a “modernização” dos contratos, segundo a Aneel.
“O desafio da Aneel na elaboração das cláusulas do novo instrumento contratual, em atendimento às diretrizes trazidas pelo decreto, foi encontrar o equilíbrio entre o detalhamento excessivo, que poderia engessar as regras em um contrato com validade de 30 anos, em um setor que passa por rápidas transformações, versus a existência de cláusulas demasiadamente genéricas”, disse a agência, em nota divulgada à imprensa.
Tarcísio, nesta quarta-feira, reuniu prefeitos da Grande São Paulo para um encontro com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, a fim de pressionar o órgão a determinar que a Aneel recomende a suspensão da concessão da Enel ao Ministério de Minas e Energia.
Na ocasião, o governador afirmou que os indicadores de desempenho previstos em contrato para a Enel são falhos, o que permite que a empresa não realize os investimentos necessários para garantir que a distribuição de energia seja protegida de eventos climáticos extremos.
“A coisa está simples e é fácil entender o que está acontecendo. Como você tem indicadores que são fáceis de atingir, porque tem expurgos, é fácil você dar o drible regulatório. A empresa não tem o menor incentivo nem o menor interesse em fazer gastos”, disse o governador.
Tarcísio vem atuando de forma crítica à empresa e ao desempenho do governo federal em meio a ataques feitos pela campanha de Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado de Tarcísio, que disputa a reeleiçao.
A consulta pública para a renovação do contrato da Enel em São Paulo, assim como dos demais 18 contratos, ficará aberta até o início de dezembro, segundo a Aneel.