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Em grupo de vítimas, homem celebra celulares furtados no Tomorrowland

Grupo, com quase 700 membros, reúne vítimas de furto no festival Tomorrowland; membros suspeitam de anúncios de celulares com “desconto”

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Foto colorida mostra vários celulares dispostos sobre uma mesa; aparelhos foram roubados no festival Tomorrowland, no interior de São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida mostra vários celulares dispostos sobre uma mesa; aparelhos foram roubados no festival Tomorrowland, no interior de São Paulo - Metrópoles - Foto: Divulgação/PM

São Paulo — Em grupo de WhatsApp criado para a troca de informações entre pessoas que tiveram celulares furtados no festival de música eletrônica Tomorrowland, que ocorreu em Itu, no interior paulista, entre 12 e 14 de outubro, infiltrados fazem piadas com as vítimas e divulgam lojas que vendem aparelhos com desconto.

Um dos infiltrados no grupo admite estar com vários aparelhos furtados no evento e diz que “ano que vem tem mais”. Questionado por uma das vítimas, ele debocha: “Tu acha que somos pé de chinelo? Pô, pelo amor de Deus, né, irmão. Polícia tá cagando pra vocês aí brother. Acorda pra vida. Tá parecendo monte de garotinho de 15 anos atrás de telefone”.

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O infiltrado usa um número com DDD de São Paulo e a foto de uma mulher. Na conversa, ele diz que teria conseguido desbloquear o celular, que seria um IPhone 14 Pro Max, por meio de uma falha no chip do modelo, sem dar detalhes.

“Comprem mais 14 pro Max chip virtual que a tropa agradece. […] Os 14 pro Max chip virtual, (nossos) contatos nas operadoras está liberando [sic]. A menina da operadora está cobrando 300 reais e repassando os dados e senhas utilizadas”, afirma.

Uma das vítimas questiona, em uma conversa privada, se ele está com outros aparelhos: “Inclusive, não é só esse número que está aí com você, né?”.

“Claro que não”, responde o infiltrado. “Ano que vem vamos se ver de novo”.

Aparelhos com desconto

O grupo de WhatsApp, de nome “Furtos Tomorrowland”, conta com quase 700 membros, que ingressam por meio de um link de convite, sem qualquer filtro. Vítimas suspeitam que pessoas com a intenção de vender os aparelhos furtados também estejam participando.

A analista de mídias sociais Isabelle Vilela, de 22 anos, teve o celular furtado no último sábado (14/10), último dia do festival. Seu namorado, Gustavo Egidio, de 24, procurou o grupo para tentar encontrar o aparelho. Ao entrar, suspeitou da postura de alguns integrantes.

Segundo Isabelle, uma pessoa apareceu no grupo divulgando uma loja que estaria vendendo celulares com desconto para quem teve o aparelho furtado no Tomorrowland.

“Ali tem vários infiltrados. Tem pessoas que furtaram celulares e estão tentando vender. Teve um usuário que falou: ‘Como a gente não vai recuperar mesmo, tem uma loja em tal lugar, que vende IPhone com nota fiscal e está dando desconto para quem foi furtado na Tomorrowland”, diz ela.

“Quando fui olhar no link que mandaram, o IPhone Pro Max, que é o meu modelo, estava por R$ 5.500. O preço normal é uns R$ 8 mil. Isso é muito suspeito”, completa.

A vítima de furto afirma que, no grupo, há ainda pessoas que estariam à procura de fornecedores de celulares roubados.

“Tem também pessoas procurando fornecedores. Eles veem a pessoa dizendo onde seu aparelho está sendo localizado, aí vão lá e compram o celular roubado. Algumas devem comprar para uso próprio e outras para vender”, diz Isabelle ao Metrópoles.

Celulares rastreados no centro

Isabelle diz que, apesar dos infiltrados, há no grupo várias pessoas que rastrearam seus aparelhos no centro de São Paulo, a mais de 100 km de onde ocorreu o festival, em Itu, no interior do estado. No caso dela, conseguiu observar a movimentação do celular usando o sistema de localização.

“Em um primeiro momento, quando ele chegou em São Paulo, ele ficou na Alameda Eduardo Prado, 140, na ‘Favela do Gato’, nos Campos Elíseos. Depois, no mesmo dia, tinha ido para a Rua Guaianases, 50, também em Campos Elíseos. Esse lugar tem até uma indicação de ‘recepção de celulares roubados’ no Google Maps. Desde hoje de manhã, o celular aparece na Luz, já esteve em dois endereços diferentes. Agora, está na Barão de Duprat, 323, na Galeria Pajé”, diz ela.

“Provavelmente, vai ser desconectado em alguma assistência técnica”, acrescenta.

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Celular de Isabelle aparece na República
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Celular de Isabelle aparece na República

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A mulher disse ter ido a três delegacias para comunicar à polícia sobre a localização do aparelho, mas foi informada que os agentes não poderiam ir até o local sem um mandado judicial.

“Quando o celular ainda estava na ‘Favela do Gato’, perto da Santa Cecília, fomos até o 77º DP. O delegado disse que sabia até qual era o barraco onde estava o aparelho, mas que não podia fazer nada sem um mandado”, afirma.

“Quando a gente voltou lá, fizeram pouco caso. Outras pessoas que também tinham perdido o celular estavam lá. O delegado nem foi atender a gente”, completou.

Polícia prendeu suspeitos

Quatro pessoas foram presas por furto e receptação de celulares na República, no centro de São Paulo, no último domingo (15/10). Com eles, foram encontrados 66 aparelhos. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os celulares foram furtados durante o Tomorrowland.

A Polícia Militar chegou até os suspeitos a partir de informações de um homem de 32 anos que participava do festival de música em Itu e teve o aparelho roubado. A vítima ativou o sistema de localização do celular no hotel em que estava hospedada e percebeu que ele estava no centro de São Paulo.

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