Em clima de favoritismo, Nunes repete tática de Covas contra Boulos
Ricardo Nunes se posicionou como candidato de “centro direita”, classificando o rival como representante da “extrema esquerda”
atualizado
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São Paulo — Confirmado na liderança do primeiro turno das eleições deste ano na capital paulista, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) repetiu, em seu discurso de vitória, a estratégia usada por Bruno Covas em 2020 contra Guilherme Boulos (PSol) e se posicionou como candidato de “centro direita”, classificando o rival como representante da “extrema esquerda”. Com a expectativa de atrair votos dos eleitores que escolheram Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, o clima entre os aliados era de favoritismo para o segundo turno.
Nunes afirmou que é “natural” que os eleitores de Marçal migrem para ele e que é preciso “entender o momento em que estamos vivendo”. Ele destacou a necessidade de uma união contra o “extremismo” e a “desordem” que, em sua avaliação, seriam trazidos por Boulos.
No sábado, antes da votação, quando havia chances de disputar um segundo turno contra Marçal, o prefeito foi enfático ao dizer que não iria compor “com bandido” em busca de apoio político. Na noite deste domingo, no entanto, declarou esperar que Marçal “tenha aprendido” com seus erros durante a campanha e concordou com a afirmação feita por uma jornalista de que “apoio não se nega”.
A disputa contra Boulos era o confronto desejado por todos os aliados do prefeito para o segundo turno. O entendimento do grupo, baseado em pesquisas internas, é que Nunes superará o adversário com folga na etapa final. Por isso, a vitória parcial foi celebrada como uma prévia da vitória definitiva.
Em 2020, quando disputou o segundo turno contra Boulos, Bruno Covas rejeitou buscar apoio de Jair Bolsonaro (PL) e se posicionou como candidato de centro-direita, classificando Boulos como representante da extrema-esquerda. Embora uma série de outros fatores tenham contribuído para a vitória de Covas, que já enfrentava o câncer que o vitimaria, os aliados atribuem essa estratégia como um dos fatores de sucesso.
Neste ano, embora Nunes já tenha garantido o apoio formal de Bolsonaro, a presença do ex-presidente não é mais considerada fundamental para a campanha, uma vez que não haverá outro candidato de direita no segundo turno contra Boulos, segundo seus aliados. Ao citar Bolsonaro em seu discurso, Nunes o colocou entre outros dirigentes partidários que o apoiam, reservando o destaque para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).