Em baixa, Datena pode ter o pior resultado da história do PSDB em SP
Datena amarga a 5ª colocação na última pesquisa Datafolha, com 6% das intenções de voto, deixando PSDB próximo de pior desempenho, em 1992
atualizado
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São Paulo — O PSDB pode amagar neste ano sua pior colocação e menor percentual de votos em uma disputa pela Prefeitura de São Paulo, com base na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (19/9), que traz José Luiz Datena com 6% das intenções de voto. Ao menos desde 1996, os tucanos jamais tinham encerrado um primeiro turno abaixo dos 15%.
Em pouco mais de um mês, a campanha de Datena naufragou, segundo os resultados mais recentes das sondagens. O tucano tinha 14% das intenções de voto entre 6 e 7 de agosto, empatado em terceiro lugar com Pablo Marçal (PRTB), mas despencou 8 pontos percentuais até o último levantamento do Datafolha, ficando na quinta colocação, atrás de Tabata Amaral (PSB).
Na última semana, apoiadores de Datena chegaram a esboçar um fio de esperança. A cadeirada em Marçal teve repercussão popular positiva, o candidato foi até saudado pela agressão ao rival durante caminhada no Capão Redondo, mas logo as pesquisas demonstraram que o ato não teve o impacto suficiente para alçá-lo a um percentual promissor nas intenções de voto. Restou a solidariedade do próprio partido.
Se confirmada nas urnas, a quinta colocação seria um recorde negativo para o PSDB em disputas pela prefeitura da maior capital do país. Até então, tucanos só tinham amargado quartos lugares, justamente nas duas primeiras eleições das quais participaram, em 1988 e 1992.
Em sua primeira eleição, o PSDB substituiu Franco Montoro, doente, por José Serra. Na ocasião, a campanha tucana se deu em um cenário extremamente desfavorável, meses após a fundação do partido e sem qualquer estrutura para confrontar os favoritos na ocasião. Luiza Erundina (PT) venceu a disputa em que Serra terminou com apenas 6,89% dos votos válidos.
Na corrida seguinte, em 1992, o PSDB teve seu pior desempenho até o momento. Fabio Feldmann levou a candidatura também à quarta colocação, mas encerrou a disputa com 5,83%, patamar inferior ao de Serra. Deu Paulo Maluf (do extinto PDS).
Os anos 1990 terminaram sem que tucanos conseguissem alcançar o segundo turno, com Serra novamente ficando fora da disputa em 1996, em 3º lugar, com 15,57%. Celso Pitta (do antigo PPB) venceu a corrida, apoiado por Maluf.
Tucanos terminaram a primeira eleição dos anos 2000 novamente fora do segundo turno, com Geraldo Alckmin em terceiro lugar, com 17,21% dos votos. Foi somente em 2004 que chegaram à prefeitura, com Serra eleito no segundo turno — fez 43,56% no primeiro turno.
Em meio a um racha no próprio partido, Alckmin ficou em terceiro lugar em 2008, com 22,48% no primeiro turno. Gilberto Kassab (do antigo DEM) foi eleito, com apoio de Serra.
Em 2012, Serra terminou o primeiro turno na liderança, com 30,75% dos votos, mas perdeu no segundo turno para Fernando Haddad (PT).
Tucanos voltaram à prefeitura apenas em 2016, e dessa vez com um outsider. João Doria foi eleito ainda em primeiro turno com 53,29%, em meio à onda de antipetismo fomentada pela Lava Jato. Doria disputou com o então prefeito Haddad, que ficou com 16,7%.
Em 2020, Bruno Covas manteve a prefeitura sob comando tucano ao derrotar Guilherme Boulos (PSol) no segundo turno. No primeiro, já tinha terminado na liderança com 32,86%. O prefeito, entretanto, morreu em 16 de maio do ano seguinte, deixando a cadeira para seu vice, Ricardo Nunes (MDB), que busca agora a reeleição.
Aposta
A candidatura de Datena foi uma aposta de lideranças como Marconi Perillo e Aécio Neves, que julgavam importante contar com um candidato competitivo na disputa pela maior capital do país, já pensando nas eleições nacionais de 2026. Entretanto, a escolha não foi feita sem contrariedade dentro do próprio ninho tucano, com uma ala do partido defendendo a adesão a Nunes.
Durante a campanha, a esperança dos tucanos era a de que Datena conseguisse transformar sua popularidade como apresentador de TV em intenção de voto. Isso não aconteceu até o momento, embora seja bastante festejado pela população em suas curtas caminhadas pela capital paulista.
Datena já afirmou por diversas vezes que escolheu a “eleição errada” e também não escondeu que a sua preferência era pelo senado. Disse ainda que não pretende se candidatar novamente caso perca a disputa pela prefeitura.
O apresentador adota postura de anticandidato, inclusive se recusando a pedir votos por onde passa.