Efeito cascata: aumento dos deputados engorda salário de 581 assessores da Alesp
Aumento do salário dos deputados estaduais aprovado em dezembro elevou teto salarial da Alesp e beneficiou assessores parlamentares
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – O aumento de salário que os deputados estaduais paulistas aprovaram para eles mesmos em dezembro do ano passado provocou um efeito cascata que beneficiou 581 assessores parlamentares e servidores aposentados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que tinham seus vencimentos limitados pelo teto salarial da Casa.
Com o reajuste aprovado de forma escalonada no fim de 2022, o salário dos 94 deputados estaduais — o teto da Alesp — subiu de R$ 25.322,25 para R$ 29.469,99 em janeiro deste ano, o que permitiu que os servidores da Casa ganhassem um reajuste salarial de até R$ 4.147,74 mensais.
Com esse aumento, 227 assessores parlamentares — 62 da ativa e 165 aposentados — passaram a receber salário idêntico ao dos deputados estaduais. Em dezembro, o Metrópoles mostrou que a Alesp pagava salário de deputado para 240 assessores da ativa.
Agora, outros 354 servidores, incluindo os aposentados, que recebiam o teto antigo de R$ 25,3 mil, também tiveram algum tipo aumento, mas sem chegar ao novo limite salarial da Casa.
São funcionários cujos salários, gratificações e benefícios ultrapassavam o teto antigo, e por isso o valor extra era descontado da folha de pagamento, mas que agora podem receber uma quantia maior até o novo teto salarial.
No caso dos funcionários da ativa, os beneficiados estão lotados em gabinetes de 20 deputados, de 18 partidos políticos diferentes, conforme mostrou o Metrópoles. Ao todo, o reajuste implica em um gasto extra de R$ 1,5 milhão por mês.
O teto da Alesp vai subir ainda mais porque o aumento aprovado em dezembro do ano passado pelos parlamentares prevê um reajuste total de 37,3% de forma escalonada.
A partir de abril, os deputados estaduais passarão a receber salário de R$ 31.238,19. Em janeiro de 2024, o vencimento subirá para R$ 33.006,39 e, em 2025, passará para R$ 34.774,64.
Em nota enviada ao Metrópoles, a Alesp afirmou que “a remuneração de servidores públicos é sempre reajustada por lei específica”, mas que “há uma previsão constitucional que limita esses vencimentos a um determinado teto remuneratório”, no caso o salário dos estaduais.
“Importante salientar que essa lista remuneratória utilizada para o levantamento [da reportagem] inclui servidores ativos e também os inativos (aposentados) da Alesp”, afirmou a assessoria da Assembleia paulista.