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Durante enterro de Ryan, PM de SP vasculha casa de baleada em ação

Mulher de 24 anos, que preferiu não ser identificada, estava a poucos metros de menino de 4 anos e foi baleada de raspão

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Santos — Uma mulher de 24 anos baleada de raspão durante a ação policial que resultou na morte de Ryan, um menino de 4 anos no Morro do São Bento, em Santos, teve a casa vasculhada por policiais militares enquanto estava no enterro da criança, no cemitério da Areia Branca, na manhã desta quinta-feira (7/11). Quando chegou em casa após a cerimônia, a mulher, que prefere não ser identificada, se deparou com os pertences revirados.

Ela afirma, ainda, que os policiais teriam agredido o cunhado dela. “Eles entraram aqui, bateram no meu cunhado, falaram um monte de coisa para o meu marido. Tudo isso enquanto eu estava no enterro. Saímos de lá em uma van em direção ao morro. Chegando, nos deparamos com isso”, afirma ao Metrópoles.

A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre o motivo da diligência e se havia um mandado judicial para entrar no imóvel. A pasta disse que nenhuma operação foi realizada na região mencionada pela reportagem e que a Corregedoria da PM está à disposição para registrar denúncias contra seus agentes.

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"Meu filho foi embora": menino morto em ação da PM de SP é enterrado

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O menino Ryan da Silva Andrade morreu na madrugada dessa quarta-feira (6) após ser baleado na região da barriga durante uma ação de policiais militares no Morro do São Bento. A PM afirma que houve confronto com suspeitos, mas que o tiro que atingiu o menino “provavelmente” partiu da arma de um policial.

A casa da mulher atingida de raspão fica localizada a poucos metros de onde Ryan foi baleado. Ela conta que estava no portão quando os policiais começaram a atirar e testemunhou toda ocorrência. O tiro atingiu o braço esquerdo dela.

“Eu fui atingida bem no portão da minha casa. O Ryan estava bem do lado. Não teve confronto nenhum”, diz ela. “Eu vi ele com a mão na barriguinha. Na hora eles tentaram falar que não foram eles que deram o tiro. Mas eu vi tudo”, diz a mulher, com o braço enfaixado.

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Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
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Beatriz da Silva Rosa, mãe do menino Ryan, caminha em março de 2024 pelo Morro São Bento, em Santos

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Dois adolescentes, de 17 e 15 anos, também foram baleados na ação. O mais velho morreu. Segundo a PM, eles estariam envolvidos na suposta troca de tiros. A versão é questionada por moradores da região.

“Eles falaram que tinham 10 moleques, que todos trocaram tiros. Não teve isso. Tinha os dois meninos na moto, foi só”, afirma um vizinho que diz ter testemunhado a ocorrência e compareceu ao enterro de Ryan.

PMs no velório

O velório e o cortejo fúnebre de Ryan foram marcados pela presença de policiais militares de diferentes batalhões da corporação. Para familiares do menino e moradores do Morro do São Bento, a presença dos PMs foi uma tentativa de intimidação.

Segundo os relatos, os policiais chegaram a impedir a passagem das pessoas que acompanhavam o cortejo fúnebre, que saiu da Santa Casa de Santos em direção ao cemitério da Areia Branca, passando pelo Morro do São Bento, onde o garoto foi morto.

Um dos PMs chegou a apontar uma arma em direção à fotógrafa do jornal O Globo Maria Isabel Oliveira e disse: “Toma cuidado”.

Durante o enterro, policiais militares faziam uma abordagem a um motociclista do lado de fora do cemitério. “É uma clara tentativa de intimidação”, diz Débora Maria da Silva, líder do movimento Mães de Maio, que luta contra a violência policial.

O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudinho Silva, chegou a discutir com os policiais, dizendo que iria fazer uma representação junto à Corregedoria da PM.

“Quem veio tumultuar aqui foi o senhor. Respeite a vida das pessoas. O senhor veio tumultuar. O senhor agrediu o motociclista e vem falar que eu vim tumultuar. Quem veio tumultuar foi o senhor”, afirmou o ouvidor.

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