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Donos de clínica da tortura são acusados de aplicar remédios à força

Investigados por morte e tortura de paciente, enfermeiro e dona da clínica já foram denunciados por privar internos de alimentação

atualizado

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Imagem de testa ferida com hematomas - Metrópoles
1 de 1 Imagem de testa ferida com hematomas - Metrópoles - Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

São Paulo – Dois dos três investigados pela tortura e morte de um paciente, dentro de uma clínica de reabilitação em Cotia, na Grande São Paulo, já foram denunciados por aplicar remédios à força, sem prescrição médica, e por privar os internos de alimentação em outra unidade terapêutica.

A acusação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), obtida pelo Metrópoles, foi oferecida contra a dona da clínica, Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição, de 50 anos, e o enfermeiro Cleber Fabiano da Silva, 48, em abril de 2020.

Na ocasião, Terezinha e Cleber atuavam na Unidade Tratamento Terapêutico Gênesis, destinada a dependentes químicos, na zona rural de Cotia. Essa clínica foi fechada pela prefeitura do município. Os acusados, no entanto, abriram novo estabelecimento.

O Metrópoles tentou contato com a defesa de ambos. Procurada, Terezinha Cordeiro, advogada dos investigados, afirmou não ter “nada a declarar”.

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Paciente foi amarrado em cadeira semi nu
Pacientes eram agredidos por funcionários
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Vitima ficou com hematomas na cabeça

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Paciente foi amarrado em cadeira semi nu

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Pacientes eram agredidos por funcionários

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Ovo e salsicha

Pela atividade na Gênesis, Terezinha e Cleber foram acusados de exercício ilegal da profissão e por colocar em risco a vida e saúde de pessoas sob sua autoridade.

Segundo o MPSP, os acusados “não tratavam bem as vítimas” e “forçavam todos os pacientes a tomarem remédio para dormir, mesmo sem qualquer prescrição médica”.

A Promotoria acusou a dupla, ainda, de privar os internos de refeições adequadas. “Elas recebiam alimentação a base de sopa, arroz, feijão, salsicha e ovo, e eram, constantemente, xingadas, tratadas com desprezo e ignorância”, diz a denúncia.

A investigação descobriu que, entre os internos, havia jovens menores de idade. Na ocasião, as acusações contra a proprietária e o enfermeiro vieram à tona após um adolescentes de 17 anos fugir da clínica e procurar ajuda do Conselho Tutelar.

Em outubro de 2019, o estabelecimento foi fiscalizado pela vigilância sanitária. O órgão encontrou “diversas irregularidades na realização de tal atividade, concluindo como insatisfatória e de risco moderado a seus internos”, de acordo com o MPSP.

Tortura e morte

No caso que envolve a nova clínica, Cleber e Terezinha, citada como responsável legal Comunidade Terapeutica Efatá, constam como investigados pela Polícia Civil. O local foi interditado após a morte do interno Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos, na segunda-feira (8/7).

O monitor terapêutico Matheus de Camargo Pinto, 24, foi preso em flagrante após a polícia ter acesso a um vídeo feito pelo próprio indiciado, em que a vítima está amarrada a uma cadeira. Ele também gravou um áudio em que afirma ter espancado Jarmo até a mão doer.

“O áudio foi um dos indicativos [para a prisão], mostrando que ele [Matheus] realmente torturou o rapaz, bateu muito nele. Que a intenção era lesionar mesmo, enfim”, afirmou Adair Marques, delegado de Cotia.

Em nota, a Prefeitura de Cotia afirma ter identificado sinais de maus tratos em outros pacientes da clínica. Segundo o município, o local funcionava de maneira clandestina e sem qualquer tipo de autorização.

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