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São Paulo — A zona leste de São Paulo tem uma faixa intermediária que concentra inúmeros bairros de classe média, onde a principal preocupação é a segurança. É uma extensa área que vai da Vila Prudente a Artur Alvim, concentrando cerca de 1,6 milhão de habitantes, pouco menos que a população de Curitiba (PR), por exemplo.
A comerciante Cristiane Klumb, 46 anos, afirma que a insegurança é generalizada na Penha. “Atualmente, as casas estão sendo muito invadidas. As lojas estão fechando e não só por causa de aluguéis altos, mas por falta de segurança”, afirma.
Cristiane fala dos problemas por experiência própria. “Durante um mês, entraram seis vezes no meu quintal. Levaram coisas do serviço do meu marido. Ele teve que se desfazer de algumas. Era a nossa segurança, porque poderiam entrar na casa”, diz.
Segundo a comerciante, depois que a família se desfez dos objetos que eram alvo dos criminosos, as casas dos vizinhos começaram a ser invadidas. “Não é falar por falar, mas a gente sente na pele”, afirma, citando também uma situação em que o carro da família teve a porta entortada por criminosos durante a madrugada.
O técnico em vestuário Luiz Fernando de Aguiar Ribeiro, 45 anos, percebeu que a expansão da Vila Prudente trouxe, também, problemas inexistentes no passado. “Acho que precisa melhorar a segurança. Com esse crescimento, a chegada do metrô, está faltando segurança. Está acontecendo muito assalto, coisa que não tinha antigamente.
Ribeiro presenciou uma situação suspeita no dia em que conversou com o Metrópoles. “Não posso afirmar que foi um roubo, mas vi uma pessoa correndo, deixou cair uma mochila no chão e, quando a gente passou, ficou olhando”, afirmou. “Você não consegue sair de casa em paz”, afirma.
Tradição
Apesar dos problemas, o técnico em vestuário gosta muito do bairro. “A tradição, as famílias que construíram a história no bairro, o espírito de amizade que a gente tem. Amo a Vila Prudente”, diz.
A mesma sensação tem Cristiane, a moradora da Penha. “Gosto da Penha porque é um bairro tradicional. Igrejas, quermesses, a história do bairro”, afirma.
Em alguns casos, a admiração vai além da tradição. É o caso da aposentada Ivanil Pedroso Pires, 72 anos, que é encantada pelo Tatuapé. “É um bairro muito bom, luxuoso, o povo daqui é muito lindo, se vestem muito bem. Só não moro aqui por causa do valor, que é muito alto. O meu sonho era morar aqui. Moro na Vila Diva, que faz quase parte, porque fica a 1,5 km”, diz. Entretanto, critica o sistema de transporte, com ônibus que considera muito ruim.
Periferia
Se nos bairros mais próximos do centro a preocupação é com a segurança, em lugares como Sapopemba isso não é tão relevante, ao menos para a manicure Miralva Oliveira Lima, 41 anos. “Viajo, deixo minha casa fechada e nunca fui [assaltada]. Se morasse em um bairro melhor, é capaz de viajar e quando voltar não ter nada”, diz.
Miralva, entretanto, afirma que há muito para melhorar e que o setor de saúde é um dos que precisam de atenção. “Nos postos de saúde, você vai tomar uma vacina e atendida de qualquer jeito. As pessoas que trabalham estão sempre de mau humor, dá boa tarde e ninguém te responde. É isso”, diz.
O feirante José dos Santos, 60 anos, aponta para uma questão social, que é a necessidade de se implantar em Sapopemba um restaurante Bom Prato, iniciativa do governo com almoço e jantar por R$ 1. “Tem muita gente precisando.”
Durante visita ao bairro, a reportagem encontrou uma fila com dezenas de pessoas, durante o almoço, em uma unidade da Rede Cozinha Escola, com alimentação gratuita para a população carente.