Dirigentes de empresas de ônibus são presos por suposto elo com PCC
De acordo com investigações do Gaeco, Transwolff e UpBus seriam usadas pelo PCC para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas
atualizado
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São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou, na manhã desta terça-feira (9/4), operação contra empresas de ônibus da capital que seriam ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. As empresas que estão na mira do MP são a Transwolff e a UpBus.
Dos mandados de prisão, três foram cumpridos, um deles contra Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, outro contra Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da mesma empresa, que opera na zona sul, e um terceiro contra Joelson Santos da Silva, também sócio da viação e representante de um escritório de contabilidade.
O quarto mandado foi expedido em nome de Silvio Luís Ferreira, o Cebola, sócio da UpBus. Ele está foragido.
Segundo o MP, foi preso em flagrante, ainda, Elio Rodrigues dos Santos por porte de arma de fogo. Ele é funcionário de uma das empresas investigadas e não era alvo da operação. Outras duas pessoas foram presas em flagrante, mas os nomes não foram divulgados.
Os mandados de busca resultaram na apreensão de 10 armas — dois fuzis, uma submetralhadora, cinco pistolas e dois revólveres. Também foram apreendidas 513 unidades de munição de diferentes calibres, como 7.62, 5.56, .40 e 9mm.
A Justiça de São Paulo determinou ainda que a SPTrans, estatal de transporte coletivo da capital, assuma imediatamente a operação das linhas administradas pelas empresas Transwolff, que atua na zona sul, e da UpBus, que administra linhas na zona leste.
As duas empresas de ônibus transportam diariamente cerca de 700 mil passageiros e receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), antecipadas pelo Metrópoles no domingo (7/4), as empresas eram usadas pela facção para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
Investigações
Até 2022, ao menos quatro empresas de ônibus que operam nas zonas leste e sul da capital já estavam na mira do MPSP e da Polícia Civil de São Paulo por suspeitas de envolvimento com o PCC.
Duas delas, a Transunião e a UpBus, que operam na zona leste, já foram alvo de operações conduzidas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil.
Alguns dirigentes dessas companhias já foram presos sob acusação de atuarem para a facção e de envolvimento em assassinatos na disputa pelo comando das empresas.
No caso da Transunião, segundo o Deic, a diretoria é investigada por suspeita de participar da lavagem de dinheiro de familiares de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Eles negam envolvimento com o crime organizado.
Já a UpBus, que teve R$ 40 milhões em bens bloqueados pela Justiça em 2022, durante operação do Denarc, tinha entre seus acionistas membros do alto escalão do PCC, como Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, considerado um dos maiores fornecedores de drogas e armas da facção. Ele foi assassinado em 2021.
“Luiz Conta Dinheiro”
A infiltração do PCC em empresas de ônibus voltou ao noticiário no mês passado, com a execução de Luiz dos Santos Rocha, o “Luiz Conta Dinheiro”, apontado pela polícia como tesoureiro da facção.
Ele era funcionário da Imperial, que foi assumida nos últimos anos pela Transunião, e acabou assassinado com tiros de fuzil na porta de sua casa, em Atibaia, interior paulista, quando chegava de uma saída temporária da cadeia, a chamada saidinha.
O assassinato de Luiz Conta Dinheiro ocorreu em meio ao racha histórico na cúpula do PCC. O motivo teria sido o desvio de R$ 5 milhões da facção, lavados na empresa de ônibus que opera na zona leste.