Diretora da USP se retrata por comparar ação em greve ao Holocausto
FMUSP divulgou nota de esclarecimento depois de “escolha de palavras inadequada” de diretora que mencionou o Holocausto em reunião de greve
atualizado
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São Paulo — Por meio de nota oficial, a diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Eloisa Bonfá, pediu desculpas após citar o Holocausto em reunião realizada com líderes de uma greve estudantil (assista vídeo abaixo).
O termo foi utilizado quando a diretora se referia aos danos, como a colocação de cartazes, provocados por universitários ao prédio da faculdade (veja na galeria de fotos), que é patrimônio histórico tombado desde de 1981 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
Eloisa Bonfá disse, na reunião que “Não existe possibilidade de que isso [os danos] vai ser esquecido. Está documentado. Pedi pra fotografar tudo, isso vai ficar pra historia dessa faculdade. Pra quê que vai ficar pra história? É igual ao Holocausto: não pode deixar isso nunca mais acontecer nessa faculdade. O diálogo tem que prevalecer, não é assim que se faz o diálogo. Não dá pra gente aceitar o que vocês fizeram aqui nessa faculdade, não dá.”
Na nota de esclarecimento, a diretora cita uma “escolha de palavras inadequada” e afirmou que nunca teve a intenção de construir uma relação direta entre os dois eventos.
Além disso, esclareceu que o seu objetivo com a fala era refletir sobre a “importância da memória e do respeito mútuo dentro do ambiente acadêmico”. A Eloísa Bonfá completou dizendo que buscava enfantizar que comportamentos de desrespeito e agressividade deveriam ficar registrados para “nunca mais acontecer”.
A nota, publicada no site da FMUSP, ainda defende o diálogo aberto para resolver conflitos, respeitando diferentes posições. A diretora diz que irá trabalhar “incansavelmente para que nosso ambiente acadêmico seja um espaço de crescimento, aprendizado e respeito mútuo”.
Greve dos estudantes
Alunos do curso de medicina da FMUSP realizam uma greve estudantil desde o dia 7 de março.
Segundo o centro acadêmico da faculdade (Centro Acadêmico Oswaldo Cruz), o início do movimento foi aprovado por uma assembleia estudantil realizada na presença de quase 500 alunos. Nela, foram registrados 307 votos a favor da greve e 30 contra.
O Metrópoles apurou que o estopim da iniciativa foi o envio de uma notificação extrajudicial solicitando o fechamento do restaurante utilizado pelos alunos da faculdade, além de residentes e funcionários. O estabelecimento fica localizado no “porão”, como é chamada a área de convivência do centro acadêmico.
Em nota, a FMUSP afirmou que pretende reformar o local por haver “irregularidades apontadas pela Procuradoria Geral da USP na contratação do restaurante”.
Além disso, afirma que o ambiente permanece aberto e em funcionamento para fins acadêmicos, esportivos e culturais, “conforme a previsão do estatuto”. A instituição garantiu que durante a reforma disponibilizará três refeições subsidiadas pela USP em restaurantes universitários na Faculdade de Saúde Pública e Escola de Enfermagem.
Além dessa reivindicação, os alunos pedem que seja feita uma revisão da prova de residência e o fim do programa de atualização Experiência HCFMUSP, iniciativa que permite que alunos externos realizem estágios no Hospital das Clínicas. O custo para a participação gira em torno de R$ 8.500.