Diretor do Hospital da Mulher é demitido após denúncias de negligência
Prefeitura de São Bernardo criou comitê técnico para apurar 3 denúncias de negligência no local e decidiu pela demissão de Rodolfo Strufaldi
atualizado
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São Paulo – O diretor técnico do Hospital da Mulher em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, foi demitido nesta quinta-feira (18/4) após três denúncias de negligência contra gestantes.
Nos últimos dias, uma mulher teve uma compressa esquecida no seu corpo depois do parto, outra morreu uma semana após o nascimento da filha, e um bebê nasceu morto depois de a mãe ser liberada do hospital com contrações e dilatação.
A decisão pela saída de Rodolfo Strufaldi foi tomada pelo comitê técnico, criado para a apurar esses casos, de acordo com o portal G1.
Dois dos casos ocorreram em março deste ano: no dia 15 de abril, Raíssa Falosi Santos, de 20 anos, denunciou ter descoberto que uma compressa foi esquecida no seu corpo durante o parto da sua primeira filha.
A compressa teria sido deixada em sua vagina após a jovem ter sido submetida a um parto normal, seguido do procedimento de colocação de DIU no dia 18 de março. Seis dias depois, no 24 de março, ela retornou ao hospital com dores no corpo e febre alta.
Na ocasião, a médica que a atendeu disse que a dor era causada pelos pontos abertos e Raíssa foi encaminhada para casa após uma nova sutura. Os sintomas não melhoraram e o material esquecido só foi descoberto no dia 6 de abril, 19 dias depois do parto, pela própria paciente.
Já no dia 16 de abril, um homem denunciou a morte suspeita de sua esposa, que ocorreu após o parto da filha no local, há cerca de um mês. A paciente, identificada apenas como Deisiana, de 29 anos, morreu após receber uma anestesia durante o parto da segunda filha.
Segundo a família, a mulher chegou ao hospital em 16 de março em trabalho de parto, sofrendo fortes dores. O marido relatou que, antes do procedimento, a paciente recebeu anestesia duas vezes. Após a segunda dose, Deisiana teria desmaiado.
Apesar das complicações, o parto prosseguiu e a criança nasceu com vida. No entanto, a mulher foi internada e faleceu uma semana depois. As causas da morte de Deisiana ainda estão sendo investigadas.
O terceiro caso aconteceu em julho de 2023 com uma mãe que foi duas vezes ao Hospital da Mulher sentindo dores e contrações, mas foi liberada para voltar para casa pelas equipes médicas. Antes de sair do hospital, segundo relato do marido, outra equipe atendeu a mulher e fizeram uma cesárea emergencial, mas o bebê estava morto.
A Prefeitura de São Bernardo do Campo criou um Comitê Técnico coordenado pela médica Mônica Carneiro, atual diretora do Hospital do Câncer Padre Anchieta, para apurar os três casos. Uma das primeiras ações foi demitir o diretor Rodolfo Strufaldi.
O comitê foi formado por profissionais de fora do Hospital da Mulher e vai também ampliar todos os protocolos de segurança dos pacientes. As ocorrências dos casos estão em apuração e vão ser compartilhadas com o comitê.
O Hospital da Mulher foi inaugurado em julho de 2023 e realiza, em média, 380 partos por mês.