“Difícil levantar sendo metade”: noivo de mulher morta por PM desabafa
Francisca Ribeiro e o noivo estavam em posto de gasolina quando foram abordados por 2 bandidos. PM à paisana reagiu a tiros e acertou mulher
atualizado
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São Paulo — O noivo da mulher de 33 anos que foi morta no domingo (6/10) após ter sido baleada por um policial militar (PM) à paisana durante um assalto no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, homenageou a mulher nas redes sociais nesta terça-feira (8/10).
“Hoje é difícil levantar sendo só metade, é difícil falar se não pra escutar uma resposta sua”, escreveu Wilker Michel.
Francisca Marcela da Silva Ribeiro e o noivo estavam em um posto de gasolina antes de seguir viagem para Nova Odessa, no interior paulista, quando foram abordados por duas pessoas, de 20 e 22 anos.
A dupla ia levar a moto do casal e, segundo Michel, o agente, que estava de folga, começou atirando contra os suspeitos, mas depois direcionou os disparos contra as vítimas.
O casamento dos dois estava marcado para o dia 26 de outubro. De acordo com o G1, a cunhada de Francisca informou que ela vai ser enterrada com o vestido que ia usar no dia da cerimônia.
O corpo da vítima foi velado na noite desta segunda-feira (7/10) em São Caetano do Sul e depois será encaminhado para a cidade de Campo Maior, no Piauí.
O caso
A mulher de 33 anos morreu após ser baleada nas costas por um PM que estava de folga durante um assalto no Ipiranga.
A vítima estava com seu noivo em um posto de gasolina calibrando os pneus da moto do casal. Eles estavam a caminho do interior paulista, onde iriam tomar um café da manhã, e pararam no estabelecimento no início do trajeto.
No posto, o casal foi abordado por dois assaltantes, de 20 e 22 anos. Em entrevista à imprensa, o noivo da vítima afirmou que o casal já havia entregado seus pertences de valor, quando um policial presente no local começou a atirar.
O agente, que estava de folga, começou atirando contra os suspeitos mas depois direcionou os disparos contra as vítimas, revelou o noivo:
“Atirou na nossa direção [o policial]. Eu levantei a mão e falei ‘é minha esposa. Para pelo amor de Deus’”.
Após a ação, a mulher, ainda consciente, avisou o companheiro que havia sido baleada. Logo na sequência, ela foi levada ao Hospital Estadual de Heliópolis mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A vítima trabalhava como técnica de farmácia, na unidade de saúde em que chegou sem vida.
A Ouvidoria da Polícia instaurou procedimento para acompanhar as apurações a fim de se averiguar se houve, da parte do PM de folga, “imprudência na ação que levou à morte” de Francisca Marcela. “É necessário o aguardo dos laudos a fim de se comprovar de que arma partiu o disparo”, diz o órgão.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que os assaltantes foram presos em flagrante. Segundo a pasta, durante a ação, os dois suspeitos ficaram feridos e precisaram de atendimento médico. Após ser socorrida, a dupla foi localizada em um hospital. Um deles segue internado.
O caso agora é investigado pelo 26° Distrito Policial (Sacomã), por meio de inquérito policial.