Deslizamento faz moradores deixarem prédio em SP: “É uma roleta russa”
Deslizamento nos fundos de obra atinge imóveis vizinhos e parte de moradores já deixou prédio no Sumaré por medo de que tudo venha abaixo
atualizado
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São Paulo — O deslizamento de terra nos fundos de uma obra na Rua Aimberê, no Sumaré, na zona oeste de São Paulo, atingiu outros imóveis e tem preocupado quem vive em um prédio vizinho. Moradores de 4 dos 18 apartamentos já mudaram do local por receio de que tudo venha abaixo.
O deslizamento ocorreu na manhã da última sexta-feira (6/10) e, desde então, todos esperam uma solução para o problema. O incidente deixou os alicerces à mostra.
“O que gostaríamos é de uma vistoria no nosso prédio. Não dá para deixar os moradores à mercê da sorte”, afirma a advogada Edna Vale, 57 anos, uma das pessoas que deixou o prédio. “É uma roleta-russa”, diz.
Segundo Edna, o deslizamento é consequência da construção do prédio ao lado, com mais de 20 andares e que ocupa grande parte da quadra. A moradora diz que faltou escoramento de todo o terreno. A obra é de responsabilidade da construtora Tegra, que nega ter qualquer relação com o incidente.
A advogada afirma que não é primeira vez que a construção do prédio pela Tegra causa transtornos na vizinhança. “Já existe uma insegurança desde o início, há dois anos. Houve o rompimento de uma adutora, desceu muita água, entrando na estrutura do meu prédio, que tem mais de 50 anos. Nada foi feito na época”, afirma.
Moradores também apontam o estufamento do piso de alguns apartamentos como consequência da construção vizinha. Também citam trincas e rachaduras. “Tenho amigos engenheiros, mostrei e uma delas disse que era melhor sair do prédio”, afirma Edna.
O deslizamento fez com que escombros caíssem sobre o terreno onde foi levantado o stand de vendas de outro empreendimento, de frente para a Avenida Heitor Penteado, onde anteriormente havia outros imóveis. Terra coberta com lonas plásticas foi colocada no local, como forma de dar sustentação ao que restou dos imóveis com frente para a Aimberê.
O desabamento de uma casa em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, na última segunda-feira (9/10), serviu para aumentar a tensão dos moradores do prédio na Aimberê, segundo Edna.
Prefeitura
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Lapa, diz que vistoriou o local da obra e interditou parcialmente a área, junto com outro imóvel na Rua Heitor Penteado, número 930, na última sexta-feira (6/10), devido ao solapamento de parte do terreno e risco de segurança da edificação.
“A construtora responsável pela obra foi intimada a tomar as medidas necessárias para contenção e solução das irregularidades no prazo máximo de cinco dias, sob pena de multa diária e demais cominações legais”, diz, em nota.
Já o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) diz que esteve no local para verificar a presença de empresas e profissionais registrados à frente das atividades de engenharia desenvolvidas, conforme é exigido por lei. Uma empresa, registrada no Crea-SP, foi identificada como responsável pela obra.
O Crea diz que a avaliação de alvarás de funcionamento, interdições e embargos são da responsabilidade e competência da Defesa Civil e prefeitura. “De qualquer forma, o Crea-SP segue apurando o caso em conjunto com os demais órgãos”, afirma.
O que afirma a construtora
A Tegra Incorporadora diz que seu empreendimento não tem qualquer relação com o incidente, que ocorreu em área vizinha, de propriedade de terceiros. “Devido à proximidade da sua obra com o local afetado e seguindo as orientações dos técnicos especialistas, a empresa, por mera liberalidade, realizou preventivamente medidas para garantir a estabilidade do solo”, afirma, em nota.
A construtora Sequoia, responsável pelo stand de vendas da Heitor Penteado, foi procurada nesta quarta à tarde, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.