Derrite: mortes nos Jardins são “péssimo exemplo” para falar de armas
Questionado, secretário Guilherme Derrite disse que mortes de 3 nos Jardins são “péssimo exemplo” para falar sobre flexibilização de armas
atualizado
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São Paulo — O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta terça-feira (19/12) que as mortes de três pessoas, incluindo uma polícia civil, em tiroteio nos Jardins, bairro rico da capital paulista, são um “péssimo exemplo” para falar sobre a flexibilização das armas nas mãos da população. Derrite é deputado federal licenciado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O empresário Rogério Saladino, 56 anos, atirou e matou a policial Milene Bagalho Estevam, 39 anos, com uma pistola 45. Ele ainda carregava outra pistola, uma 380. Segundo a família, o empresário suspeitou que a policial e um colega dela eram criminosos, quando eles pediram por imagens de câmeras de segurança para investigar um furto ocorrido na casa vizinha no dia anterior.
Milene foi recebida à bala pelo empresário. Saladino e o vigilante Alex James Gomes Mury, 49 anos, acabaram mortos por outro policial que acompanhava Milene na diligência.
“Sei que nosso colega do Metrópoles está querendo, completamente desfocado da premissa nossa aqui… Mas ele quer falar de arma de fogo”, disse Derrite ao ser questionado durante o lançamento da Operação Impacto, na Avenida Faria Lima.
A reportagem disse a Derrite que gostaria de abordar armas de fogo nas mãos da população por causa do fato ocorrido no sábado, envolvendo justamente uma policial. Já era a terceira pergunta sobre o tema ao longo da entrevista, sem que o secretário da Segurança Pública tratasse da flexibilização das armas, pauta central da bancada da bala e de apoiadores de Bolsonaro, grupo do qual ele faz parte.
“Qual foi o período de menor taxa de homicídio do Brasil, desde 2007, quando começou a ser analisado? Foi em 2019, justamente no período em que houve maior flexibilização e acesso à porte e posse de arma no Brasil”, disse.
Em seguida, explicou a sua posição a respeito. “Isso não significa dizer que liberar arma de fogo é uma política de segurança pública, pois não é. Posse e porte de arma de fogo, na minha concepção, e isso eu sempre defendi como deputado, entendo que é o direito de autodefesa”, afirmou.
Na sequência, Derrite disse que a reportagem pretendia usar um “péssimo exemplo” para tratar do tema. “Agora, o que o senhor [quer] aqui… como é seu nome? É usar um péssimo exemplo, lamentável, uma tragédia, relativizar a morte de uma policial. Lamento muito que o senhor esteja fazendo isso, para usar um exemplo negativo e generalizar. Eu não faço isso”, disse. A reportagem afirmou que não era essa a intenção.
Derrite afirmou ainda que a pauta relacionada às armas de fogo é de responsabilidade do Congresso Nacional e sugeriu que o repórter “visite a Praça dos 3 Poderes”. “Como secretário, te garanto que foram 9.865 armas retiradas das mãos de criminosos na minha gestão. É isso que tenho para falar”, disse.