Derrite diz que parte da imprensa de SP trabalha “a favor do crime”
Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, acusou imprensa paulista de divulgar informações falsas sobre suposta violência policial
atualizado
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São Paulo – O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse, em evento privado na manhã dessa quarta-feira (25/10), que parte da imprensa paulista é “canalha”, “covarde” e “trabalha a favor do crime”. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a declaração ocorreu no 3º Congresso de Operações Policiais, enquanto Derrite fazia um balanço dos 10 meses de gestão. A plateia era formada por policiais e empresários do ramo das armas.
Ao comentar denúncias de violência policial na Baixada Santista, durante a Operação Escudo, Derrite afirmou que parte das notícias divulgadas pela imprensa era falsa.
“Os senhores acham que aquela conversa furada de uma imprensa, uma parte da imprensa canalha, que solta fake news dizendo que o indivíduo foi torturado, arrancaram as unhas e depois executado, nenhum laudo do Instituto Médico Legal apontou hematomas, muito menos sinais de tortura”, disse o secretário, de acordo com a Folha.
Ele completou, segundo o jornal: “Como diria um ex-comandante meu: esses indivíduos, não é que eles torcem para o outro lado. Eles trabalham a favor do crime, esses covardes”.
Segundo a Folha, o discurso do secretário durou cerca de 40 minutos. Em nenhum momento, ele teria mencionado medidas da pasta para combater a violência nas escolas. O pronunciamento ocorreu dois dias após uma menina de 17 anos ser morta por um colega em um ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital.
Derrite teria sido ovacionado ao dizer que criminosos que atentam contra a vida de policiais serão “caçados”.
“Quando eu falo ser ‘caçado’, preferencialmente será preso. Eu sei que tem órgãos na imprensa aí que estão loucos para soltar uma notinha”, explicou.
O secretário também teria defendido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo que os níveis de criminalidade não têm relação com a flexibilização da compra de armamentos promovida em seu governo.
“Não é possível que, em 2023, tenha gente que ainda pense no discurso de que, ‘olha, a culpa da criminalidade é que o presidente Bolsonaro flexibilizou [o armamento]’. Isso é uma coisa de quem é cego, ou é enviesado, ou não sabe nada de segurança pública”, disse.
O Metrópoles questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre a fala de Guilherme Derrite e aguarda retorno.