Derrite diz que ação no litoral continua e fala em operação permanente
Secretário da Segurança Pública afirmou, em entrevista, que pode implementar método adotado na Operação Verão em feriados durante todo o ano
atualizado
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São Paulo – O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse, na noite dessa segunda-feira (26/2), que a Operação Verão na Baixada Santista vai continuar a fim de capturar mais lideranças do crime organizado. No entanto, ele não estabeleceu prazo ou meta para o fim do reforço do policiamento ostensivo na região.
Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, ele afirmou que as críticas ao trabalho da Polícia Militar na Baixada Santista partem de pessoas que “nunca foram lá”.
“[As críticas] são feitas por pessoas que têm total desconhecimento do que é o trabalho da segurança pública no Brasil e, em especial, aqui em São Paulo. […] Os que criticam usando número absoluto, ‘Ah, a Operação Escudo teve 28 mortos, a Operação Verão fase III teve 32’, é porque nunca foram lá. Se a gente não tomar uma atitude, São Paulo teria cenários muito piores”, disse Derrite.
O secretário da Segurança atribui o aumento da criminalidade na Baixada Santista ao processo de expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) em direção ao Porto de Santos, visando ao tráfico internacional de drogas, e a insistência de governos anteriores em negar a existência da facção.
“O estado de São Paulo negligenciou a existência do crime organizado por muitos anos. Em especial, na Baixada Santista. De 2014 e 2015 para a frente, o PCC passou a utilizar o Porto de Santos como polo exportador de cocaína para países da Europa, Estados Unidos e outros locais. Nesse contexto, a região acabou sendo um polo de distribuição da droga gigantesco. […] A droga que vai para o porto fica armazenada em alguns locais. Esses locais são Santos, São Vicente e Guarujá, justamente onde as operações acontecem. Justamente onde a criminalidade é muito mais agressiva do que o normal”, afirmou.
Reforço permanente no policiamento
O secretário Guilherme Derrite afirmou que aproximadamente um terço dos soldados formados na última turma da Escola da Polícia Militar escolheram ser designados para o litoral. Isso vai possibilitar, segundo ele, que a região mantenha o número de policiais após a saída de soldados da Rota e dos Baeps.
“Além da Operação Verão Fase III, que ainda continua, até que a gente possa prender, capturar, lideranças do crime organizado que ainda estão lá […], nós teremos duas importantes medidas. A primeira delas é o real aumento do efetivo da Baixada Santista e da região central [da cidade São Paulo] também. Tivemos 907 policiais militares formados na última turma, um terço, vai ficar no litoral, por escolha de vagas. Isso nunca aconteceu antes.”
O secretário da Segurança Pública ainda defendeu a possibilidade de implementar o reforço do policiamento adotado durante a Operação Verão ao longo de todo o ano, em feriados e finais de semana. De acordo com o secretário, a medida é respaldada por uma lei sancionada em 2018 pelo então governador Márcio França.
Mortes no litoral
Até esta terça-feira (27/2), 32 foram mortos pela Polícia Militar (PM) após o assassinato do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, no último dia 2/2. Os dados do Gaesp mostram também outras três mortes ocorridas em Mongaguá e Itanhaém. Com elas, sobe para 35 o número de pessoas mortas em supostos confrontos com a corporação nas nove cidades da região metropolitana da Baixada Santista.
Caso sejam considerados os casos desde 26 de janeiro, depois da morte do policial Marcelo Augusto da Silva, então são 45 mortos por PMs nas cidades da região metropolitana da Baixada Santista.