Dentista carbonizada: celular no wi-fi coloca cantor na cena do crime
Perícia mostra que celular do cantor João Mallachias entrou na internet da casa de Bruna Angleri, morta carbonizada, na hora do crime
atualizado
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São Paulo – A perícia descobriu que o celular do cantor sertanejo João Vitor Malachias, de 28 anos, se conectou no wi-fi da casa da dentista Bruna Viviane Angleri, 40, na hora do assassinato. A vítima foi encontrada carbonizada em cima da cama, no interior paulista, no fim de setembro.
Para os investigadores, a nova prova derruba o álibi apresentado no inquérito por João Vittor, o nome artístico do cantor sertanejo, que alega ter passado a madrugada do crime na casa da sua avó. Preso temporariamente por suspeita de feminicídio, ele diz ser inocente.
O crime aconteceu na casa de Bruna, em Araras, no interior de São Paulo. Segundo a perícia policial, o celular de João Vittor entrou na internet da residência da dentista exatamente à 0h15min48s do dia 27 de setembro.
“Tal data e horário são compatíveis com a data e horário da morte da vítima Bruna Viviane Angleri”, atesta o documento. A investigação corre sob segredo de Justiça.
Em nota, o advogado Diego Emanuel Costa, que representa João Vittor, afirmou que a defesa ainda não teve acesso ao resultado da perícia. “Cumpre informar que tais ‘provas’ encontram-se em um inquérito sigiloso, e sequer a defesa teve acesso a essas ditas provas”, afirma.
“Aliás, necessita do crivo do contraditório, bem como da análise da veracidade e legalidade dessas provas. É muito estranho que tantas pessoas e órgãos tenham acesso a essas informações, e a defesa, não. Essa atitude é preocupante.”
Feminicídio
Ex-namorado da dentista, João Vittor se tornou o principal suspeito do feminicídio após os investigadores descobrirem que Bruna tinha uma medida protetiva contra ele.
Conforme revelou o Metrópoles, exames de raio-x realizados no corpo de Bruna também mostram que a vítima foi baleada no rosto. Estilhaços de projétil de arma de fogo, localizados na face da dentista, foram removidos por médico legista.
Fotos da cena do crime também mostram que só o lado da cama em que a dentista foi encontrada estava destruído pelas chamas. Segundo a investigação, não havia “nenhum elemento que possa dar indicativo que ocorreu algum curto-circuito” ou “vestígio de incêndio meramente acidental” no cômodo.
Todos esses indícios levam a Polícia a crer que Bruna foi assassinada “com crueldade”, “provavelmente após tortura” e “sem chances de defesa”. Para os investigadores, o incêndio foi provocado para “acobertar a real causa da morte”.
Câmeras de segurança
Na investigação, a Polícia Civil refez o passo a passo de João Vittor e de Bruna nas horas anteriores ao crime.
Por imagens de câmeras de segurança, os policiais descobriram que a dentista foi de carro para um bar na noite anterior ao assassinato. Ela deixa o estabelecimento sozinha às 22h34 e chega a sua casa 13 minutos depois.
As mesmas câmeras também flagraram que um veículo Honda Civic, registrado no nome da mãe de João Vittor, passou pelo bar quando Bruna ainda estava lá. Um garçom do local confirmou, em depoimento, ter visto o cantor no carro.
Ao levantar as imagens do condomínio onde a dentista morava, os investigadores perceberam uma “névoa de fumaça” registrada à 0h28. Segundo afirmam, a gravação mostra que o quarto de Bruna já estava pegando fogo nesse momento.
Arma no capô
Em depoimento, João Vittor declarou que passou aquela noite na casa da avó, que fica a cerca de quatro quilômetros do local do crime, aonde teria chegado por volta das 20h30.
Os policiais, entretanto, concluíram que o veículo do cantor sertanejo não estava estacionado na rua no horário que ele falou. Segundo a investigação, ele só chega à casa da avó à 0h58, já após o feminicídio, e sai novamente à 1h24, dirigindo um Fiat Doblô.
“Os fatos ocorridos demonstram que João Vitor ficou exatamente 25 minutos na casa de sua avó, certamente o tempo necessário para tomar um banho, trocar de roupa e sair novamente”, diz o relatório.
O destino do cantor era a casa do seu produtor, de acordo com a polícia. Lá, ele foi flagrado às 8h46, abrindo o capô do Fiat Doblô.
Em seguida, ele pega um objeto, que a polícia acredita ser o celular da vítima, e coloca no bolso. Depois, sai segurando algo, embrulhado no pano, que “muito se assemelha a um revólver”, de acordo com a investigação.