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Dengue em SP: especialista alerta para risco de casos graves em 2025

Aumento de sorotipo 3 da dengue é um dos fatores que podem influenciar na gravidade da doença, aponta infectologista

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arte em cores com Mosquito da dengue sobre o mapa do estado de São Paulo - Metrópoles
1 de 1 arte em cores com Mosquito da dengue sobre o mapa do estado de São Paulo - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo — Após ano de recorde de casos e de vítimas, a dengue se tornou um dos pontos mais críticos da saúde pública em São Paulo, acompanhando o movimento do país e do continente. Em 2024, foram mais de 2 milhões de diagnósticos da doença e mais de 2.000 mortes.

“Todas as Américas bateram esse recorde, por conta das altas temperaturas e da umidade, além de mais pessoas suscetíveis à doença e transmissão em área com alta população, que propiciaram o aumento dos criadouros do inseto e, consequentemente, a transmissão do vírus”, afirmou Marcelo Otsuka, médico infectologista e vice presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Segundo o especialista, a tendência é que os números sigam aumentando em 2025. “Se não tivermos as medidas adequadas, é provável que tenhamos uma ampliação do número de casos e maior gravidade pela dengue nesse próximo ano”, disse Otsuka. “Em dezembro, já começamos a ter aumento de casos novamente.”

Gravidade da dengue

O infectologista explica que os casos mais graves de dengue normalmente ocorrem em pessoas que já haviam contraído a doença. Além disso, houve um aumento do sorotipo 3 da dengue ao longo do ano, que representa um risco maior.

“Temos circulação, basicamente, de dois sorotipos. Mas, começamos a ter aumento dos casos do sorotipo 3. Sempre existiu, mas ele tem aumentado de frequência recentemente. Há chance das pessoas que tiveram infecção pelo tipo 1 e 2, terem o 3. É uma chance de ter quadros mais graves. É algo que a gente precisa monitorizar”, afirmou Otsuka.

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses 
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte

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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias

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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos

Joao Paulo Burini/ Getty Images
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles -- ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes

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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos

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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte

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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada

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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas

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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas

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Controle da dengue

O especialista aponta a vacinação como uma das principais medidas para minimizar o impacto da dengue. “O certo seria que nós pudéssemos ter a vacinação de toda a população, só assim a gente conseguiria controlar a doença. Então, esse é um dos grandes problemas que temos”, disse.

“A população mais acometida é a pediátrica, por isso a proposta de fazer a vacinação de 10 a 14 anos, apesar de não ser a população que morre mais. Quem morre mais são depois dos 60 anos, mas a vacina, neste momento, ainda não tem dados adequados”.

Ostuka vê com otimismo o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan, que é dose única. “Os dados iniciais mostram uma boa resposta. A gente tem que ver melhor isso a longo prazo. Mas, a princípio, pode ser uma nova possibilidade bem interessante”, afirmou.

Além da vacina, o infectologista ressalta a importância da orientação da população. “Essas medidas governamentais precisam ser mais abrangentes. [Que] essas orientações ocorram nas redes sociais, porque hoje em dia não é só TV que o pessoal vê. Nós ainda estamos muito atrasados nisso.”

O que diz o governo

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirmou que “monitora os cenários de epidemias no Estado e vem atuando desde o final de 2023 para reduzir os impactos dos casos de dengue em São Paulo. A pasta atuou de forma regionalizada, em salas de situações sobre arboviroses, adotando medidas principalmente nos meses de primavera e verão, em parceria com os 645 municípios”.

A secretaria diz que capacitou todos os agentes de saúde e endemias por meio de cursos e treinamentos. “Em fevereiro deste ano, o Governo de SP criou um Plano de Ações de Combate a Dengue e antecipou o pagamento de R$ 205 milhões do IGM SUS Paulista aos municípios, permitindo adiantar as medidas de combate e controle do vetor”.

“Desde o início do ano, preparou a rede de saúde para atendimento dos casos da doença, ampliando leitos e buscando reduzir os casos graves e mortes por dengue. Também realizou campanha de comunicação, orientando a população quanto as formas de prevenção e medidas de saúde aos que foram atingidos pela doença. Em março, o Governo de SP declarou situação de emergência em saúde pública devido à epidemia, permitindo a adoção de medidas mais ágeis e eficazes no enfrentamento da doença”.

Para 2025, a pasta afirma que será realizada a capacitação dos municípios para implantação de novas tecnologias para vigilância e controle do vetor Aedes aegypti; a gestão dos equipamentos aplicadores e dos inseticidas para repasse aos municípios; capacitação das equipes municipais para ações de controle do Aedes aegypti; apoio técnico e operacional para organização das atividades pelas equipes municipais; e monitoramento do estoque de inseticidas adequado para repasse aos municípios.

Sobre a vacina, a secretaria diz que o Instituto Butantan concluiu no último dia 16 o pedido de registro à Anvisa de sua candidata à vacina contra a dengue, a Butantan-DV.

“Para isso, entregou a última leva de documentos necessários para a submissão do registro, concluindo o envio de três pacotes de informações sobre o imunizante. Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira vacina do mundo em dose única contra a dengue e poderá disponibilizar cerca de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos. Um milhão de doses da vacina poderão ser entregues já em 2025, em caso de aprovação”, afirma a pasta.

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