Delegada diz que não há indício de homofobia em morte de jovem gay
Ivalda Aleixo, delegada diretora do DHPP, afirma que Leonardo Rodrigues Nunes foi abordado por uma moto perto do local onde foi achado morto
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, afirmou nesta segunda-feira (17/6) que não há indício de crime de homofobia no assassinato do jovem Leonardo Rodrigues Nunes, de 24 anos.
Ele foi encontrado morto baleado na última quinta-feira (13/6) após sair para encontrar um homem que havia conhecido no aplicativo de relacionamento Hornet.
Segundo Ivalda, a polícia trabalha com a possibilidade de crime patrimonial. “Ele sai do carro de aplicativo e dois indivíduos de moto abordaram ele. Ele foi levado ao IML como desconhecido, levaram tudo dele, não tinha celular, não tinha documento, não tinha nada”, disse a delegada ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.
A Polícia Civil apura o caso.
Morto após encontro
Leonardo foi encontrado morto na quinta-feira (13/6) após sair para encontrar um homem que havia conhecido no aplicativo de relacionamento Hornet.
Ele saiu de casa, na região do Cambuci, centro da capital, por volta das 23h da quarta (12/6), Dia dos Namorados. O rapaz chegou a compartilhar a localização com um amigo por precaução, além de ter avisado um possível horário para retorno.
Como Leonardo parou de responder mensagens, os amigos dele começaram a buscar o perfil do homem que havia marcado o encontro com a vítima e perceberam que ele havia sido apagado. O jovem foi encontrado pelos amigos na manhã seguinte no Hospital Ipiranga, já sem vida, e foi reconhecido por meio de fotos.
Outros usuários relatam emboscadas
Na rede social X, um jovem identificado como Bruno Marcelo afirmou ter passado pela mesma situação. O suposto pretendente que conheceu por meio do aplicativo teria inclusive pagado um motorista de aplicativo para que o levasse até o local combinado. Chegando lá, o endereço não existia. Sem dar detalhes, Bruno afirma que foi alvo de um disparo de arma de fogo.
“Cara eu abri pra pouquíssimas pessoas, mas eu passei pelo mesmo a [sic] poucas semanas juro q sensação HORRÍVEL HORRÍVEL o bofe passa wpp, oferece pagar uber e qnd vc chega lá o endereço n existe jamais vai sair da minha cabeça o som da bala na minha direção”, disse o jovem.
“Passei semanas tentando me ‘distrair’ mas td veio a tona dnv. A mesma região, eu travei no chão no dia e só n foi pior pq eu caí qnd escutei o tiro uma moça gritou e me acolheu, se n era pra esse post ser sobre eu”, complementou.
O Metrópoles tentou contato com Bruno Marcelo para ter mais detalhes sobre o ocorrido, mas até o momento da publicação não obteve retorno.
Farsa
A história é parecida com a relatada pelo publicitário Hilário Júnior. Nesse caso, o pretendente também se ofereceu para pagar uma corrida de aplicativo e também combinou o encontro no Sacomã, na rua Pupo Nogueira, 42. No entanto, Hilário desconfiou do endereço ao fazer uma busca no Google Maps e perceber que ele não existia.
O publicitário divulgou prints das conversas e das fotos do suposto pretendentes no aplicativo. Nas primeiras mensagens trocadas, o homem, que identificava-se como Davi, chama Hilário de “amor” e “vidona”, o que provocou desconfiança.
“Sim, não é longe”, escreve Davi após dizer onde morava. “Se quiser vim (sic) pago Uber, aqui não tem problema”, complementa ele.
Hilário relata ter tido certeza de que se tratava de uma farsa ao ver a foto usada pelo pretendente no WhatsApp. “Eu não salvei a foto do perfil do WhatsApp. Mas basicamente ele tava na frente de uma academia com o logo FITNESS SF! E eu falei pra: essa é a Fitness SF, uma academia de San Francisco, Califórnia”, disse. Confrontado, Davi disse se tratar de uma unidade na Avenida Paulista, que não existe.
Hilário ainda encontrou o perfil no Instagram do verdadeiro homem que aparece nas fotos. Seria o brasileiro Leandro Santos que vive em São Francisco. Em sua bio, ele escreve: “Tem uma pessoa se passando pelo meu perfil, tome cuidado! Eu não moro no Sacomã”.
A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e o aplicativo Hornet sobre as ocorrências, mas não houve retorno até a última atualização deste texto.