Plano golpista: defesa cita “pobreza de elementos” contra Bolsonaro
Defesa de Bolsonaro minimiza menção feita à suposta minuta do golpe em discurso na Avenida Paulista; ele depõe nesta 3ª sobre caso da baleia
atualizado
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São Paulo — Advogado de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno afirmou, nesta terça-feira (27/2), que há uma “pobreza muito grande de elementos” na investigação contra o ex-presidente por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Ele acompanha Bolsonaro em depoimento à Polícia Federal (PF), em São Paulo, na ação em que o ex-presidente é investigado por supostamente ter importunado uma baleia no litoral paulista, no ano passado.
No dia 22 de fevereiro, Bolsonaro ficou em silêncio no depoimento à PF em Brasília, no âmbito do inquérito que investiga o suposto plano de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota na eleição de 2022.
Acompanhados pelo também advogado Fabio Wajngarten, eles chegaram à Superintendência da PF na Lapa, zona oeste da capital paulista, por volta das 14h. Um pequeno grupo de apoiadores se reuniu na porta do local, mas o ex-presidente entrou diretamente no edifício, sem falar com ninguém.
À imprensa Cunha Bueno comentou o fato de o discurso de Bolsonaro no ato da Avenida Paulista, no último domingo (25/2), ter sido incluído no inquérito que o investiga pela tentativa de golpe.
O advogado alegou que as minutas que seriam usadas no suposto golpe e que foram encontradas pelo PF foram citadas pelo ex-presidente em discurso porque ele havia sido informado da existência delas “muito tempo depois”.
“Foram minutas que eu, enquanto advogado, encaminhei para ele no dia 18 de outubro de 2023. Portanto, ele comentava algo que ele teve conhecimento, que ele teve ciência, muito tempo depois. E reitero: se as autoridades policiais veem nisso uma forma de confissão, a defesa entende que o que se assiste é realmente uma pobreza muito grande de elementos nessa investigação semi-secreta, da qual a defesa não tem acesso e, ao que parece, não tem acesso justamente pela fraqueza dos seus elementos”, disse o advogado.
Wajngarten acrescentou que, embora algumas autoridades entendam que Bolsonaro “fez uma assunção de culpa” no discurso dele na Paulista, “até o presente momento, não há prova nenhuma contra o presidente e contra ninguém”.
Nenhum deles falou sobre o caso da importunação a uma jubarte, motivo do depoimento da tarde desta terça.
Importunação a baleia
O depoimento do caso da importunação a baleia foi marcado para as 14h30 desta terça-feira na Superintendência da PF em São Paulo. Bolsonaro está desde o fim de semana hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista e residência oficial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu afilhado político.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Bolsonaro circulou de jet-ski a cerca de 15 metros de uma baleia durante viagem a São Sebastião, em junho do ano passado.
No entanto, uma portaria do Ibama proíbe aproximações de “qualquer espécie de baleia” com motor ligado a menos de 100 metros de distância. Já a lei prevê pena de 2 a 5 anos de prisão, além de multa, quando houver “molestamento intencional” da espécie.
O advogado Fabio Wajngarten, que acompanhou o ex-presidente na viagem, também foi intimado a depor.
Bolsonaro reclamou do inquérito em seu discurso para milhares de apoiadores na Avenida Paulista, no domingo (25/2), ao se dizer “perseguido”. Ele citou também outras investigações que o envolvem, como as acusações de um suposto esquema de venda de joias sauditas que haviam sido dadas de presente para a Presidência da República.
“É joia, é questão de importunação de baleia, é dinheiro que teria mandado para fora do Brasil. É tanta coisa que eles mesmos acabam trabalhando contra si”, disse Bolsonaro na Paulista.
Depoimento sobre baleia foi adiado
Inicialmente, o depoimento sobre o caso da importunação a baleia havia sido marcado para o início do mês (7/2), em São Sebastião, mas a PF adiou a data e alterou o local da oitiva após ter mapeado manifestações a favor do ex-presidente na região.
O próprio Bolsonaro havia convocado um ato com apoiadores na cidade para a data e o manteve, mesmo depois de a PF alterar data e local. “A baleia é nossa”, disse nas redes sociais.