Defesa de motoboy diz que motorista de Porsche tentou matar namorada
Advogado do motoboy morto pede que Igor Sauceda, motorista do Porsche, também responda por tentativa de homicídio contra namorada
atualizado
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São Paulo – A defesa do motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, que morreu atropelado por um Porsche na madrugada da última segunda-feira (29/7), entrou com um pedido na Justiça de São Paulo para que o motorista do veículo, Igor Ferreira Sauceda, também responda por tentativa de homicídio contra a própria namorada, que estava no banco do passageiro no momento da colisão.
Nessa quinta-feira (1º/8), o empresário Igor Sauceda, de 27 anos, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por homicídio triplamente qualificado. Se for condenado, sua pena pode chegar a 30 anos de reclusão. Atualmente, ele está preso no Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, onde aguarda o desfecho do processo.
Caso a Justiça entenda que ele também deve responder por tentativa de homicídio contra a namorada, Marielle Amélia de Oliveira, sua pena pode ser aumentada.
De acordo com o advogado Roberto Guastelli, que representa Pedro Kaique, Marielle não estaria viva se não fossem os airbags.
“A atitude do réu de empreender alta velocidade para perseguir o motoqueiro Pedro, vítima fatal, também tentou contra a vida da sua namorada, pois o veículo colidiu num poste e árvore existentes na lateral direita da mesma via”, afirma Guastelli.
“O Ministério Público deverá ser intimado para analisar a hipótese supracitada, para que, se for o caso, ele adite a denúncia para que o réu responda também por tentativa de homicídio de sua namorada, Marielle Amélia de Oliveira, já que assumiu o risco de tentar matá-la também, pois se não fossem os airbags ela não estaria viva”, complementa.
Para fundamentar seu pedido, o advogado citou o argumento usado pelo Ministério Público na denúncia contra Igor Sauceda e disse que o empresário usou seu carro “como uma arma”.
“Notamos que o réu estava consciente (não ingeriu bebida alcóolica) e utilizou o seu veículo para cometer um crime com excesso de velocidade, ou seja, o veículo conduzido pelo réu se transformou numa arma para se vingar de um suposto motoqueiro que esbarrou no retrovisor do seu veículo”, afirmou o advogado.
“Brutalidade fora do comum”
Na denúncia contra Igor Sauceda, a promotora de Justiça Renata Cristina de Oliveira Mayer afirma que o empresário demonstrou “brutalidade fora do comum, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade”.
A promotora afirma que o “motivo fútil” para o homicídio decorreu da irritação de Igor, provocada após a vítima “ter danificado o seu carro”.
Renata Cristina acrescenta que o motoboy foi surpreendido ao ser atingido pelas costas “em alta velocidade”, resultando em “recurso que dificultou a defesa da vítima”.
Colisão
O Porsche dirigido por Igor Sauceda perseguiu a motocicleta de Pedro Kaique em alta velocidade até colidir na parte traseira do veículo, fazendo com que o motoboy se chocasse contra um poste. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
A colisão ocorreu na madrugada de segunda-feira (29/7) após uma discussão de trânsito depois que a moto de Pedro Kaique arrancou o retrovisor do carro de luxo. Em seguida, houve uma perseguição por cerca de dois quilômetros. Os veículos se chocaram contra um poste e ficaram completamente destruídos.
Dolo eventual
Logo após a colisão, Igor Sauceda foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pela delegada plantonista do 11º Distrito Policial. Naquele momento, a polícia não havia tido acesso às imagens das câmeras de segurança.
Após a divulgação dos vídeos, o delegado titular do caso, Edilzo Lima, do 48º Distrito Policial, mudou a tipificação para homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e determinou a prisão em flagrante.