Defesa diz que jovens voltaram à casa de Bonato após supostos estupros
Acusado por três fiéis de estupro, influencer evangélico Victor Bonato foi solto nessa quinta-feira (16/11) após decisão judicial
atualizado
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São Paulo — A defesa do influencer evangélico Victor de Paula Gonçalves, conhecido como Victor Bonato, afirmou ao Metrópoles, nesta sexta-feira (17/11), que as jovens que o acusam de estupro “mantinham sentimentos não correspondidos por ele”.
Segundo as advogadas Graciele Queiroz e Samara Batista, as três mulheres frequentaram a casa do líder religioso após os suspostos abusos. Bonato deixou a cadeia nessa quinta-feira (16/11), após quase 60 dias preso.
Fundador do Galpão, grupo evangélico voltado para jovens de Alphaville, bairro nobre de Barueri, na Grande São Paulo, ele é acusado de estupro por três fiéis.
“As três supostas vítimas frequentavam regularmente a residência de Victor Bonato, independentemente de qualquer vínculo religioso, isso inclui até mesmo visitar a residência dele e oferecer-se voluntariamente para preparar jantares para ele e sua família, mesmo após os supostos abusos alegados, bem como mantinham sentimentos não correspondidos por ele”, afirmam as advogadas.
Victor foi solto após a 2ª Vara Criminal de Barueri rejeitar um pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP) para que a prisão temporária dele fosse convertida para preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
Segundo publicação feita pelo influencer em uma rede social, o juíz Fabio Calheiros do Nascimento entendeu que alguns pontos da investigação deveriam ter sido apurados “com mais detalhes” para a abertura de um processo criminal contra o acusado.
“É evidente que a declaração de uma [vítima] reforça a outra, mas há detalhes na declaração de uma que não se harmoniza com a declaração da outra. Há também detalhes da declaração delas que não se mostram consistentes para sustentar um processo judicial”, afirmou o magistrado na decisão.
O juiz proibiu o influenciador de se aproximar a uma distância de menos de 200 metros das três jovens e de manter contato com elas ou familiares, incluindo por mensagens, ou redes sociais.
Em seu perfil no Instagram, Bonato publicou uma foto em frente à Cadeia Pública de Carapicuíba, onde estava preso e escreveu: “A Justiça foi feita”.
As advogadas dele afirmam que a decisão judicial, de libertar o influencer, “valida todos os argumentos apresentador pela equipe de defesa”.
Acusações
As vítimas, com idades entre 19 e 24 anos, foram à Delegacia da Mulher de Barueri, em setembro, para denunciar que Victor Bonato usava sua “influência religiosa” para manipulá-las e obrigá-las a ter relações sexuais com ele. A polícia e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontaram risco de fuga do influencer, e a Justiça decretou a prisão de Bonato em 20 de setembro.
Segundo o inquérito policial, obtido pelo Metrópoles, os crimes teriam ocorrido entre janeiro e setembro deste ano, em diferentes lugares, como a casa de Bonato, em Alphaville. Um dia antes do registro feito pelas mulheres na delegacia, o influencer postou um comunicado no Instagram, plataforma na qual ele tinha na ocasião 146 mil seguidores, dizendo que precisava se “arrepender profundamente” e que faria um “detox de redes sociais”.
No dia seguinte ao boletim de ocorrência feito pelas vítimas, e véspera de sua prisão, Bonato voltou às redes sociais para dizer que estava se “retirando da liderança” do Galpão e “tirando um tempo para me curar no Senhor”.
Na mesma data, o Galpão publicou uma nota afirmando que o influencer não fazia mais parte do movimento religioso, sem mencionar especificamente as acusações de estupro feitas pelas seguidoras.
“Alguns acontecimentos ferem diretamente o que o Galpão acredita e segue, fere a palavra e está em desacordo com o que Jesus nos ensina. Por esse motivo, ele foi afastado do Galpão.”