De moradores a satélites: como Defesa Civil monitora incêndios em SP
Para combater os incêndios em SP, a Defesa Civil conta com uma cadeia que vai desde o uso de tecnologia até o alerta da população civil
atualizado
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São Paulo — Para monitorar e combater os incêndios que colocam 48 municípios do estado de São Paulo em alerta máximo, a Defesa Civil conta com uma cadeia de colaboração, que vai desde o uso de equipamentos tecnológicos até o alerta da população civil.
Em entrevista ao Metrópoles, o capitão Roberto Farina, diretor de Comunicação da Defesa Civil de São Paulo, afirmou que “o sistema de identificação de focos de incêndio é todo colaborativo”, em que há apoio de “agentes públicos, privados e da comunidade civil”.
Por meio do monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Programa BDQueimadas, focos ativos de incêndio são acompanhados com base em satélites de referência, para obter os dados que compõem a série histórica e permitem o comparativo entre diferentes períodos.
Segundo dados desse monitoramento, por exemplo, 806 focos ativos de incêndio foram registrados em setembro até este domingo (8/9) no estado de São Paulo, número 2,1 vezes maior que o total de focos registrados em todo o mês de setembro do ano passado, quando 375 focos ativos foram contabilizados.
Outra forma de acompanhar os incêndios é o aperfeiçoamento do sistema SMAC, desenvolvido pela Defesa Civil em parceria com a Climatempo para identificar focos de queimada em tempo real com o uso combinado de inteligência artificial e análises de imagens de satélites.
“Mas os dados dos satélites não significam que haja realmente o foco de incêndio, porque eles captam as calorias de acordo com uma angulação do terreno. Então a Defesa Civil faz dupla checagem, para encontrar pontos em comum nos dois sistemas. Após isso, nós filtramos o foco de incêndio em potencial e checamos com os agentes da Defesa Civil no local”, disse o capitão Farina.
Outras possibilidades
Outra forma de identificação de incêndios é pelo trabalho de autoridades, por meio do gabinete de crise instalado pelo governo do estado. Nele, há atuação das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento e de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, além de efetivo das Forças Armadas, da Fundação Florestal, Departamento de Estradas de Rodagem, Defesas Civis Municipais e brigadistas voluntários.
“E tem também o cidadão comum, que liga para as autoridades. Ele identifica um ponto, liga para as autoridades e nós vamos checar”, informou Farina.
Para antecipar as queimadas, a Defesa Civil tem o Mapa de Risco de Incêndio, que é uma das ferramentas tecnológicas que auxiliam no monitoramento dos focos para os próximos dias (veja abaixo).
Em campo
No combate aos incêndios, o primeiro desafio é a condição climática, de acordo com o capitão Farina. O segundo são os ventos fortes, que podem alastrar o fogo, e o terceiro, o acesso ao local.
“Em matas nativas, por exemplo, é mais difícil conseguir combater, porque o acesso também é difícil. Às vezes a copa da árvore é muito alta, não dá para jogar água com a aeronave, e aí tem que ser combate terrestre, com equipamentos de proteção individual”, disse o porta-voz.
Bombas costais, abafadores, caminhões-pipa, caminhões-bomba de água, helicópteros e aviões são alguns dos recursos utilizados no combate aos incêndios. Dependendo da gravidade e do acesso ao local, as equipes utilizam diferentes estratégias para conter as chamas.
Prevenção
A Defesa Civil do Estado abriu, no início de abril, a temporada de oficinas preparatórias para a operação de combate a incêndios no estado.
A ação é uma parceria com as prefeituras e o Corpo de Bombeiros durante a fase amarela da operação, antecipando o planejamento estratégico para o período de estiagem.
Durante as oficinas, equipes estaduais de capacitação percorrem as cidades paulistas e aplicam treinamentos para agentes das Defesas Civis municipais, brigadistas e voluntários com foco na redução de queimadas e incêndios tanto em áreas verdes urbanas como nas regiões de matas e florestas.
O treinamento deste ano ofereceu instruções teóricas e práticas sobre planos de contingência e previsão meteorológica; emissão de alertas e comunicação em desastres; incêndios florestais e danos à fauna; e saúde pública no período de estiagem.
“Este ano, tivemos uma inovação: convidamos pequenos e médios agricultores, das casas de agricultura, para participarem dessas oficinas, porque identificamos que muitos focos de incêndio ocorriam em pequenas propriedades de cultivo. Então, preparamos esses agricultores para que tivessem habilidades mínimas para lidar com focos de incêndio iniciais”, afirmou Farina.