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De Santo Amaro a Parelheiros: transporte é o gargalo no extremo sul

Ônibus trafegam lotados pelas ruas e grandes avenidas que cortam bairros como Jardim Ângela e Grajaú, na zona sul da capital paulista

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atualizado

São Paulo — O dia começa cedo nos bairros do extremo da zona sul de São Paulo, antes mesmo de o sol nascer. Por avenidas congestionadas desde as primeiras horas, ônibus levam trabalhadores para os centros econômicos da capital paulista e expõem o estrangulamento do transporte público como um dos grandes problemas da região onde moram o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e seu adversário no segundo turno, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol).

A Estrada do M’Boi Mirim é um desses cenários. Principal artéria entre o Jardim Ângela e a Marginal Pinheiros, costuma ter pontos lotados no começo das manhãs. A Linha 5-Lilás ainda está longe de chegar ao fundão do bairro, como prometido, o que sobrecarrega ainda mais os coletivos.

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Córrego com esgoto a céu aberto no Jardim Lucélia, no Grajaú, na zona sul de São Paulo
Cantinho do Céu, no Grajaú, zona sul de São Paulo
Comunidade na região do Cantinho do Céu, próxima à Represa Billings, no Grajaú, zona sul de São Paulo
Movimentação no Largo 13, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo
Desembarque de passageiros do Aquático, na zona sul de São Paulo
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Vista do Parque Independência e do Jardim Guarujá, na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo

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Córrego com esgoto a céu aberto no Jardim Lucélia, no Grajaú, na zona sul de São Paulo

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Cantinho do Céu, no Grajaú, zona sul de São Paulo

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Comunidade na região do Cantinho do Céu, próxima à Represa Billings, no Grajaú, zona sul de São Paulo

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Movimentação no Largo 13, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo

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Desembarque de passageiros do Aquático, na zona sul de São Paulo

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Vista panorâmica de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo

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Entrada da Estação Capão Redondo da Linha 5-Lilás de metrô, na zona sul de São Paulo

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Policiais militares na Rua Henrique Sam Mindlin, no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo

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Vista de área comercial do Capão Redondo, a partir do Santuário de São José Operário, na zona sul de São Paulo

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Altura do n´mero 6.800 da Estrada do M'Boi Mirim, em trecho que aguarda duplicação, na zona sul de São Paulo

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Comerciante Rosa Marques, de 53 anos, em frente à entulho acumulado na entrada do Jardim Nakamura, na zona sul de São Paulo

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Vista do Jardim Nakamura, na região do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo

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Homens caminham por escadão no Morro do Índio, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo

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Placa destacando onde deveria começar a obra de duplicação da Estrada do M'Boi Mirim, em São Paulo

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Motociclistas passam por ônibus quebrado na Estrada do M'Boi Mirim, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo

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Pelotão de motociclistas aguarda abertura de semáforo na Estrada do M'Boi Mirim, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo

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Pacientes aguardam abertura da UBS Jardim Coimbra, na Estrada do M'Boi Mirim, na zona sul de São Paulo

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Congestionamento na Estrada do M'Boi Mirim, na zona sul de São Paulo

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Movimentação dos trabalhadores no fim da madrugada na Avenida Guido Caloi, na zona sul de São Paulo

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Estação Santo Amaro da Linha 5-Lilás do Metrô

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No início de agosto, bastou um ônibus articulado quebrar na altura do número 4.700 para travar o trânsito por completo, formando um longo congestionamento. Não por acaso, o tempo gasto com transporte público na região é um dos maiores da capital, com mais de uma hora por dia. Para piorar a situação, a prometida duplicação da M’Boi Mirim ainda não saiu do papel.

“Precisa ter mais ônibus, porque é sempre muito lotado, muito cheio. A gente sofre para ir trabalhar”, diz a atendente de telemarketing Lucivânia Santos, 33 anos.

Imagem mostra pessoas tentando embarcar em ônibus - Metrópoles
Passageiros encaram ônibus lotado no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo

O transporte insuficiente também é alvo de reclamação dos moradores do bairro mais populoso de São Paulo, o Grajaú, com seus quase 400 mil habitantes. Para quem vive no Cantinho do Céu, um dos “bairros dentro do bairro”, nem mesmo o transporte fluvial pela Represa Billings, o barco Aquático, parece ter ajudado a resolver o problema.

A professora Enedina Pedrosa, 48 anos, diz que, no momento, o Aquático é usado mais para o passeio do que como transporte eficiente de fato. “O horário não está batendo com o fluxo de ida e volta das pessoas para o trabalho”, diz. Na época da entrevista, em agosto, o barco funcionava das 9h às 17h30 — agora, vai das 5h às 21h.

Imagem mostra barco em represa - Metrópoles
O barco Aquático, na Represa Billings, na zona sul de São Paulo

De fato, quem vai ao bairro percebe o quanto é subutilizado o barco que começou a navegar neste ano — são 1.700 passageiros por dia. Enquanto isso, ônibus lotados se espremem em meio ao trânsito caótico por vielas estreitas, ladeadas pelo comércio e por sobrados. A principal e praticamente única “porta de saída” do Grajaú segue sendo a Avenida Dona Belmira Marin, com cerca de 7 km de extensão — o equivalente a duas Avenidas Paulistas e meia.

Moradia e segurança

O “fundão” da zona sul paulistana também é extremamente populoso e repleto de moradias precárias, onde as variações do terreno expõem dobras e mais dobras de casas de alvenaria muitas vezes sem reboco.

Trata-se de um mar de gente vivendo em vielas sinuosas. Como comparação, só o Jardim Ângela tem população equivalente a Pinheiros, Alto de Pinheiros, Lapa, Perdizes e Vila Leopoldina somados.

Imagem mostra amanhecer na periferia - Metrópoles
Vista do Jardim Maria Alice, na região da Estrada do M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo

Também na zona sul está a maior favela da capital, Paraisópolis, que fica dentro do distrito de Vila Andrade, onde mais de 35% dos domicílios estão em comunidades — maior percentual da cidade.

Em bairros como Pedreira, Jardim São Luís, Capão Redondo e Campo Limpo, ao menos uma em cada cinco moradias está em favelas, segundo levantamento realizado pela Rede Nossa São Paulo no ano passado.

Imagem mostra pedestres e policiais militares em calçadão - Metrópoles
PMs acompanham movimento na região do Largo 13, em Santo Amaro, na zona sul

A capital paulista já teve nesses bairros da zona sul o seu pedaço mais violento, principalmente durante os anos de 1980 e 1990, quando chacinas em meio a disputas envolvendo rivais eram frequentes. Assim como no restante de São Paulo, os índices caíram. Ainda assim, as taxas de homicídios por 100 mil habitantes são muito maiores do que a média da capital, chegando a 16,7 no Socorro, quatro vezes a do restante da cidade.

Assombra também os moradores os furtos e roubos de celular. Segundo levantamento realizado pelo Centro de Inteligência da Polícia Militar (PM), o Campo Limpo, por exemplo, teve a companhia da corporação com mais assaltos em números absolutos para se levar o telefone ao longo de quatro anos, de 2019 a 2023, com mais de 15 mil casos.

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