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De Porsche a construtora: como “novo Marcola” lavou milhões do tráfico

Líder de quadrilha chamada de Bando do Magrelo disputa com o PCC território e a hegemonia das ações criminosas em Rio Claro (SP) e região

atualizado

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Imagem colorida de Anderson Ricardo de Menezes. Ele é um homem branco, de bigode e com marcas de espinha no rosto - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Anderson Ricardo de Menezes. Ele é um homem branco, de bigode e com marcas de espinha no rosto - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, é a principal liderança de uma quadrilha de Rio Claro que disputa violentamente território com o Primeiro Comando da Capital (PCC) para controlar a venda de drogas na região.

Além de ser investigado pelo envolvimento em dezenas de homicídios, resultantes da guerra com membros da maior facção criminosa do país, Magrelo — que já afirmou ser “o novo Marcola” — foi condenado recentemente por lavagem de dinheiro. Para isso, ele usou uma empresa de engenharia, com CNPJ atualmente inativo, e também comprou carros de luxo, entre eles um Porsche.

A prática de investir em veículos luxuosos é velha conhecida do crime organizado, que adquire os carros sem no entanto transferir o registro para o nome dos novos donos.

Mesmo com Magrelo atrás das grades, a quadrilha, chamada de Bando do Magrelo, segue atuando e expandindo suas ações criminosas na região, promovendo um banho de sangue no interior paulista.

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Marcelo Henrique Ferreira, 27, morto a tiros por Bando do Magrelo
José Cláudio Martins Nunes, 50, membro do PCC morto por bando rival
Gabriel Lima Cardoso, 26, membro do PCC assassinado
Daniel de Paula Sobrinho, o Vovô, morto pelo PCC
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Magrelo, líder de bando rival do PCC

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Marcelo Henrique Ferreira, 27, morto a tiros por Bando do Magrelo

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José Cláudio Martins Nunes, 50, membro do PCC morto por bando rival

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Gabriel Lima Cardoso, 26, membro do PCC assassinado

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Daniel de Paula Sobrinho, o Vovô, morto pelo PCC

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Preso é apontado como líder do Bando do Magrelo

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Condenado a 10 anos

No processo de lavagem de dinheiro, que corre em sigilo, consta sentença decretada pelo juiz Caio César Ginez Almeida Bueno, obtida pelo Metrópoles.

O magistrado referendou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e condenou Magrelo, em 1º de outubro, a 10 anos, um mês e um dia de prisão no regime fechado. A defesa do condenado não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.

Magrelo está atrás das grades desde maio do ano passado, quando foi capturado por policiais militares, em cumprimento a um mandado de prisão, que o flagraram usando documento falso em Borborema, a cerca de 210 km de distância de Rio Claro.

Com o chefão do bando atrás das grades, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MPSP, deflagrou uma operação em que cumpriu mandados de busca e apreensão em Rio Claro, Americana e Santa Bárbara d’Oeste — todas no interior de São Paulo.

Os endereços eram ligados a Magrelo, que teve os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça paulista.

Com apoio de policiais federais e militares, o Gaeco apreendeu, na ocasião, três veículos de luxo – Ram Rampage, BMW X4 e um Audi A3 –, além de duas armas de fogo, computadores, celulares, documentos de empresas, anotações, máquinas e cartões bancários.

As investigações também relacionaram Magrelo a um Porsche e a uma caminhonete Amarok, além de identificar que o criminoso teria usado empresas — entre elas a de engenharia — para movimentar R$ 33.888.720,58. Este valor foi usado como base para o MPSP pedir o sequestro de bens do alvo.

Matança no interior

Neste mês, cinco criminosos morreram na guerra entre o Bando do Magrelo e o PCC. No total, foram quatro mortes decorrentes de uma chacina, praticada em retaliação à execução de outro criminoso na véspera.

A mais recente baixa dessa guerra foi a de Israel Henrique Francisco, de 35 anos, que morreu na madrugada da sexta-feira (29/11), após quase seis dias internado. Ele foi ferido a tiros no sábado (23), juntamente com outros três membros do PCC.

Os quatro integrantes da maior facção criminosa do Brasil foram executados como vingança pela morte de Daniel de Paula Sobrinho, 29, o Vovô, ligado ao Bando do Magrelo, cerca de 12 horas antes da chacina. O Metrópoles apurou que, com a morte de Israel, subiu para 27 o número de vítimas de homicídio em Rio Claro, neste ano, até o momento.

A reportagem obteve o registro, feito por uma câmera de monitoramento (assista abaixo), do atentado realizado por membros do Bando do Magrelo contra Gabriel Lima Cardoso, de 26 anos, Marcelo Henrique Ferreira, 27, José Cláudio Martins Nunes, 50, e Israel, quando conversavam em frente a um terreno, no bairro das Nações. Os pistoleiros tiveram apoio de um batedor, em uma moto.

Vídeo:

 

Mortos com 15 tiros

Marcelo correu pela calçada e foi morto com um tiro na cabeça e outro na nuca, morrendo na rua. No meio do terreno estava o corpo de José Cláudio, com cinco tiros no peito, dois na cabeça e um na nuca.

Gabriel conseguiu ir um pouco mais longe, não por muito tempo, pulando o muro do terreno – no qual José foi morto –, mas foi alcançado e executado com cinco tiros na cabeça e um no joelho direito. Ele foi encontrado em uma rua, usada pelos pistoleiros para fugir. Israel também foi atingido por tiros e hospitalizado, não resistindo aos ferimentos. A polícia não teve tempo de colher o depoimento dele.

Em frente ao terreno no qual as vítimas conversavam, policiais encontraram, após a chacina, munições intactas de calibre 9 milímetros e um carregador prolongado. Até o momento, ninguém foi preso.

 

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