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De olho na reeleição, Nunes “refina” loteamento para agradar caciques

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes entrega cargos para amarrar apoio partidário à sua reeleição em 2024 e minar candidaturas rivais

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1 de 1 Imagem colorida de Ricardo Nunes sorrido - Metrópoles - Foto: Jared C. Tilton/Getty Images

São Paulo – Com o objetivo de aglutinar o maior número de partidos em torno da sua candidatura à reeleição em 2024 e isolar seus adversários, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), refinou o loteamento de cargos na capital neste ano para agradar caciques partidários e fortalecer suas alianças.

O movimento ocorre no momento em que Nunes observa o deputado federal Ricardo Salles (PL), uma das principais ameaças ao seu projeto político no campo da direita, colocar em prática seu plano de disputar a Prefeitura no ano que vem.

Para evitar que a pré-candidatura de Salles decole, o prefeito fez novas investidas sobre o PL, que é um dos nove partidos contemplados com cargos nos primeiros escalões da prefeitura. Os demais são: MDB, PSDB, União, PSD, Progressistas, Republicanos, Podemos e Cidadania, sem contar o apoio do Solidariedade e do PSC na Câmara Municipal.

Agrados ao PL

O PL está na Prefeitura desde 2017, ainda na gestão João Doria (ex-PSDB), representado pelo secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo de Castro. Nunes também conta com o apoio da bancada do partido na Câmara, composta por três vereadores.

A interlocutores, o prefeito tem dito que o PL paulistano está fechado com seu projeto de reeleição. Mesmo assim, diante das movimentações de Salles, que tem o apoio da ala bolsonarista do partido, Nunes ampliou seu repertório para agradar não apenas o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, como quadros do bolsonarismo na legenda.

Ainda em janeiro, Nunes nomeou em seu gabinete a mulher do secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), principal nome bolsonarista no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). No mês passado, em um aceno direto ao cacique do PL, o prefeito contratou o marqueteiro Duda Lima, homem de confiança de Valdemar que atuou na campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

Operador político do PP

Outra peça movida recentemente no tabuleiro com o propósito de agradar um importante dirigente partidário e demonstrar boa vontade com o núcleo bolsonarista foi a nomeação do novo chefe de gabinete da Secretaria de Comunicação, José Trabulo Júnior, na semana passada.

Homem da extrema confiança do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, que foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Trabulo também atuou na campanha à reeleição do ex-presidente da República, no ano passado.

O PP já havia sido beneficiado com um movimento feito por Nunes em fevereiro, quando o prefeito promoveu uma minirreforma no primeiro escalão e levou o deputado federal Bruno Lima (PP-SP) para a Secretaria de Inovação e Tecnologia.

Outros partidos

Naquela reforma, Nunes também deu ao PSD de Gilberto Kassab o comando da SPObras, empresa municipal que executa obras de infraestrutura da cidade, com a nomeação de Takaharu Yamauchi. Hoje, Kassab é secretário de Governo de Tarcísio e o apoio eleitoral do PSD é visto como fundamental para o projeto de reeleição do prefeito.

Na mesma minirreforma, o MDB, partido de Nunes, ficou com a Secretaria de Relações Institucionais, com Enrico Misasi, enquanto que o PSDB emplacou o ex-secretário estadual de Meio Ambiente, Fernando Chucre, como secretário-executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias.

Os tucanos também ganharam o comando da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab), com João Cury, que já foi secretário da Educação. A Cohab tem papel fundamental nesta fase da gestão Nunes, que aposta na entrega de milhares de moradias populares como trunfo eleitoral para minar o discurso do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato a prefeito da capital em 2024.

Mapa de governo

Mesmo com o tucano João Cury na Cohab, a Secretaria de Habitação permanece nas mãos do Republicanos, partido de Tarcísio, com o secretário João Faria.

Já o União Brasil, do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, comanda a área de Transportes, com porteira fechada. É Leite quem indica, por exemplo, as diretorias da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a da SPTrans, que fiscaliza as empresas de ônibus, setor com o qual o vereador tem forte ligação.

O prefeito dá espaço também aos partidos menores que têm vereadores na Câmara e com quais espera contar na sua coligação no ano que vem.

O Podemos está representado na pasta de Esportes, com Carlos Augusto Vianna. O Cidadania, por sua vez, se mantém no governo com a ex-vereadora Soninha Francine, que foi colega de Câmara Municipal quando Nunes era vereador, na legislatura passada (2017-2020).

Remanescentes da gestão Covas

Boa parte da máquina municipal ainda é formada por remanescentes da gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu em 2021, vítima de câncer, deixando o comando da cidade para Nunes, que era seu vice.

Os tucanos têm as secretarias da Casa Civil, com Fabrício Cobra, de Desenvolvimento Social, com Carlos Bezerra, de Desenvolvimento Econômico, com Aline Cardoso, de Coordenação das Subprefeituras, com Alexandre Modonezi, e da Fazenda, com Ricardo Torres.

Já entre os nomes do MDB de Nunes, a maioria é neófita na legenda. Os secretários Edson Aparecido (Governo) e Aline Torres (Cultura) são ex-tucanos que trocaram de sigla no ano passado. Já a ex-petista Marta Suplicy (Relações Internacionais) é a aliada de Nunes que ajuda o prefeito a manter pontes com o PT.

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