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De livro a faxina: como Nardoni reduziu pena e já pode ser solto em SP

Com histórico de bom comportamento e trabalhos elogiados na cadeia, Alexandre Nardoni pode pedir progressão para o semiaberto esta semana

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Imagem colorida mostra Alexandre Nardoni, um homem branco ficando calvo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Alexandre Nardoni, um homem branco ficando calvo - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Condenado a 30 anos de prisão por matar a filha, Isabella, Alexandre Nardoni, 45 anos, já conseguiu reduzir 990 dias da sua sentença e pode estar prestes a sair das grades. O motivo para a diminuição da sua pena envolve desde a leitura de livros a trabalhos de faxina e jardinagem que ele realizou na cadeia.

Nardoni está preso desde 2008, época do crime, e atualmente fica recolhido no semiaberto da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior de São Paulo, mais conhecida como a “Cadeia dos Famosos”. Ele nega o assassinato da filha até hoje.

Com a pena reduzida por ter emprego e participar de programas educacionais, Nardoni tem direito de solicitar à Justiça a sua progressão para o regime aberto a partir desta semana. O condenado completa o período necessário para obter o benefício no próximo sábado (6/4). O pedido deve, obrigatoriamente, ser apreciado por um juiz.

Boa conduta e sem faltas graves

O Metrópoles teve acesso ao histórico prisional de Nardoni. A seu favor, ele conta com boa conduta carcerária e nenhuma falta grave anotada no seu prontuário. A única falta disciplinar da ficha dele aconteceu em fevereiro de 2011, quando foi acusado de “incitar ou participar de movimento para subverter a ordem e a disciplina”, mas acabou absolvido.

Em contrapartida, ele é condenado por crime hediondo, nunca confessou o assassinato e está envolvido em um caso de grande repercussão – cenário em que o Ministério Público (MPSP) e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tendem a ser mais cautelosos na hora de emitir parecer ou decidir por devolver o preso às ruas.

Trabalho na cadeia

Pela legislação brasileira, a cada três dias trabalhados, o preso pode descontar um dia da sua pena. No seu primeiro emprego na cadeia, ainda em maio de 2009, Nardoni trabalhou como “aprendiz” no setor da faxina interna.

Já entre 2010 e 2011, atuou na lavanderia do presídio. Com carga horária de 40 horas semanais, ele começou na função de “operário” e chegou a ser promovido ao posto de “oficial”.

Nos anos seguintes, Nardoni teve duas passagens pela jardinagem do presídio e trabalhou mais de sete anos produzindo carteiras escolares como funcionário da Fundação Professor Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). O órgão foi criado pelo governo paulista para ajudar na ressocialização de presos.

Em novembro de 2017, a Funap classificou o trabalho de Nardoni como “ótimo”. Segundo a entidade, ele cumpria todos os requisitos em “assiduidade no trabalho, obediência às ordens e desempenho das suas funções”.

Leitura de Kafka

Em outubro do mesmo ano, Nardoni também participou do curso “Meio Ambiente e Sustentabilidade”, promovido pelo Neotrópica – Instituto de Educação e Ciências Aplicadas, com duração de 12 horas/aula. Pela iniciativa, um dia da sua pena foi descontado.

Conforme revelou o Metrópoles, ele também conseguiu redução de quatro dias na pena por ter lido “Carta ao Pai”, publicação póstuma de Franz Kafka (1883-1924), em maio de 2023, e feito uma resenha da obra.

Publicada em livro, a carta que Kafka nunca mandou para o destinatário mostra o sentimento de inferioridade do escritor em relação ao próprio pai e o convívio conflituoso entre ambos. Ao analisar o texto, o pai de Isabella Nardoni afirma que recomenda a leitura porque retrata a “história de vida dos pais com os filhos”.

“Essa história escrita é o que acontece com diversas famílias no tempo de hoje. As famílias têm os mesmos problemas dentro dos seus lares, faltando diálogo”, escreveu Nardoni. A análise dele foi “considerada fidedigna” pela equipe responsável.

Recentemente, o detento também recebeu autorização da Justiça para ir ao velório da mãe e para participar de um casamento na capital paulista.

Assassinato de Isabella

Nardoni é condenado por matar a própria filha, Isabella, de apenas 5 anos, em março de 2008. A menina foi agredida e jogada de uma janela, no sexto andar, de um prédio da zona norte de São Paulo.

Levado a júri popular, ele foi considerado culpado dois anos depois. Há 16 anos na cadeia, Nardoni está no regime semiaberto desde abril de 2019.

Madrasta da menina, Anna Carolina Jatobá também foi condenada pelo crime. Atualmente, ela cumpre pena no regime aberto.

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