De homicídio a engasgo: 4 presos morrem em 5 dias em cadeias de SP
Mortes de presos ocorreram entre os dias 30 de julho e 3 de agosto nos Centros de Detenção Provisória (CDPs) 1 e 2 de Osasco, na Grande SP
atualizado
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São Paulo — Quatro presos morreram em um intervalo de cinco dias nos Centros de Detenção Provisória (CDPs) 1 e 2 de Osasco, na Grande São Paulo. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) abriu apuração preliminar para “averiguar os fatos” e registrou boletins de ocorrência sobre os casos.
Uma das mortes também é investigada pela Polícia Civil como homicídio. Segundo a SAP, um detento já teria assumido a autoria do assassinato de Juliano Santos de Jesus, de 24 anos.
Em depoimento no 5º DP de Osasco, um agente penitenciário afirmou que durante o “fechamento” dos presos do pavilhão 4 do CDP1, para a realização da contagem de detentos, ocupantes da cela 41 solicitaram atendimento médico. Quando a cela foi aberta, Juliano foi jogado pelos presos para fora, inconsciente, “apresentando lesões por todo o corpo.”
Ele foi encaminhado à enfermaria da unidade e levado posteriormente ao Hospital Regional de Osasco, onde morreu.
Engasgado com carne
Já o detento Alex da Silva Galdino de Sousa, de 30 anos, morreu asfixiado após um pedaço de carne ficar entalado em sua traqueia, durante uma refeição no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP2).
A família dele, que ainda não havia sido condenado, afirma que ele morreu por causa de negligência da unidade prisional, que não teria realizado os primeiros socorros antes de levá-lo para o Hospital Regional de Osasco, na última terça-feira (1º/8).
A mãe de Alex, a diarista Maria Herundina da Silva, 52, afirmou ao Metrópoles que companheiros de cela testemunharam a demora no atendimento ao seu filho.
“O menino engasgou com um pedaço de carne. Gritaram pedindo ajuda. Quando entraram para tirar ele da cela, do pescoço para cima estava tudo preto. Demorou muito tempo até chegar o enfermeiro antes de levarem ele para o hospital, já todo preto”, afirma Maria.
A causa da morte de Alex, de acordo com a certidão de óbito, foi insuficiência respiratória aguda, decorrente de asfixia por obstrução das vias aéreas. No boletim de ocorrência, registrado no 9º DP de Osasco, consta que Alex recebeu os primeiros atendimentos somente após ser levado para o hospital, onde morreu.
A mãe do detendo acrescentou que só soube da morte do filho quando o corpo dele já estava no Instituto Médico Legal (IML). “Ninguém me avisou que ele tinha sido levado para o hospital.”
Por causa da suposta negligência, ela já contratou uma advogada e afirmou que irá abrir um processo contra a SAP. A pasta afirmou que Alex recebeu os primeiros atendimentos ainda na unidade prisional e que a mãe dele “foi avisada sobre o fato.”
Outras mortes
As outras duas mortes são dos detentos Rafael Elso Lucas, de 33 anos, e Erick Clepson Batista, 32.
Rafael foi encontrado por funcionários do CDP1, com a boca espumando, na madrugada de quinta-feira (3/8). Ele morreu após dar entrada no Hospital Regional de Osasco. As causas e circunstâncias da morte dele são apuradas.
Segundo a SAP, ele estava em tratamento na enfermaria, desde 19 de julho, quando deu entrada na unidade prisional. Antes disso, acrescentou a pasta, ele havia sido ferido a tiros e sofrido um procedimento cirúrgico.
Já Erick morreu de tuberculose, segundo a SAP. Mesmo assim, o caso é investigado pela Polícia Civil como “morte suspeita.”