De câmeras em PMs a Cracolândia: 8 vezes em que Tarcísio recuou em SP
Desde que foi eleito governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas recuou de decisões ao menos oito vezes após receber críticas públicas
atualizado
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São Paulo – A desistência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de transferir a Cracolândia dos Campos Elíseos para o Bom Retiro, anunciada nessa quinta-feira (20/7), foi a oitava vez em que o chefe do Executivo paulista recuou de uma decisão após perceber que a repercussão foi negativa.
As decisões envolveram temas polêmicos, como as câmeras nas fardas de policiais militares e o apoio à reforma tributária, que o colocou em indisposição pública contra seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dois dos casos envolveram emendas enviadas à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para revogar decisões referentes a projetos de lei – uma sobre o diagnóstico de autismo e outra acerca do reajuste salarial das polícias.
Em todas as ocasiões, Tarcísio argumentou ter ouvido as críticas e se colocou à disposição para revogar o que considerou ser injusto, contribuindo uma imagem de gestor aberto ao diálogo. Na capital paulista, ele conta com 67,6% de aprovação, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas.
As oito ocasiões levantadas pelo Metrópoles ocorreram entre dezembro de 2022 e julho deste ano. Confira, abaixo, quais foram elas:
Transferência da Cracolândia
Na última terça-feira (18/7), o governador Tarcísio de Freitas anunciou o plano de transferir o fluxo de usuários de drogas da Cracolândia das ruas do Campos Elíseos para o Bom Retiro, bairro da região central, com o argumento de que os dependentes químicos estariam mais próximos as unidades de acolhimento e tratamento do estado e da Prefeitura.
A decisão pegou de surpresa o próprio prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), aliado do governador, e provocou críticas de moradores e comerciantes do Bom Retiro. Nesta quinta-feira, Tarcísio desistiu do plano.
Reforma Tributária
Crítico da cobrança centralizada de imposto na reforma tributária, Tarcísio mudou o posicionamento a respeito do tema após uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
“Não é um cavalo de batalha, não precisa ser assim, não. À medida que a gente melhora a governança do conselho federativo, a gente pode partir para uma administração centralizada. Se a governança for pior, aí, faz sentido a gente trabalhar com a câmara de compensação”, declarou o governador paulista, ao lado de Haddad, em julho deste ano.
Alíquota sobre aposentadoria dos policiais
No mês de maio, após receber críticas de policiais militares e ter se indisposto com a bancada da bala na Alesp, Tarcísio enviou uma emenda à Casa para revogar as alterações que ele próprio havia proposto no pagamento de aposentadoria para os policiais inativos.
A proposta inicial faria com o que os policiais inativos pagassem 10,5% de alíquota sobre toda a aposentadoria recebida. Isso significaria perda de renda, já que, atualmente, os aposentados pagam contribuição previdenciária de 11% apenas sobre os valores que extrapolam o teto da Previdência Social.
Veto a projeto de lei sobre autismo
Em fevereiro, depois de usar a justificativa de que o autismo poderia “deixar de existir” em casos diagnosticados precocemente para vetar um projeto de lei que beneficiava pacientes autistas, Tarcísio foi alvo de diversas críticas – inclusive do apresentador Marcos Mion – e recuou da decisão. Ele enviou uma emenda à Alesp revogando a própria medida.
Emprego a cunhado
No início de janeiro, Tarcísio publicou um decreto tornando sem efeito a nomeação de seu cunhado, Mauricio Pozzobon Martins, para um cargo de assessor especial de seu próprio gabinete, com salário de R$ 21 mil, que havia sido publicada no dia anterior. A ação do governador ocorreu após acusações de nepotismo nas redes.
Encontro com Lula
Horas depois de descartar participar de uma reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, Tarcísio mudou de ideia e viajou até Brasília para comparecer ao encontro.
Extinção da Secretaria da Pessoa com Deficiência
Antes de tomar posse como governador, Tarcísio já havia recuado da decisão de extinguir a Secretaria da Pessoa com Deficiência. Em dezembro, pouco após anunciar que a pasta seria vinculada à Secretaria de Justiça, o governador foi alvo de protestos de entidades ligadas à proteção dos direitos das pessoas com deficiência.
Câmeras nos uniformes da PM
O primeiro recuo de Tarcísio ocorreu em dezembro, mais de um mês após ter sido eleito governador de São Paulo. Depois de ter criticado, durante a campanha, as câmeras instaladas nos uniformes de policiais militares, ele recuou em seu discurso e disse que manteria o programa implementado no governo do PSDB.