Datena reclama que teve de deixar TV enquanto Marçal segue nas redes
Candidato do PSDB à Prefeitura de SP, apresentador José Luiz Datena disse que rival Pablo Marçal “se candidata de braços dados com o PCC”
atualizado
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São Paulo — O candidato do PSDB à Prefeitura da capital, o apresentador José Luiz Datena, reclamou nesta terça-feira (27/8), durante agenda de campanha na zona sul paulistana, que teve de deixar a TV em junho para disputar a eleição em São Paulo, enquanto que o influenciador Pablo Marçal, que concorre pelo PRTB, pode permanecer ativo nas redes sociais.
“Tenho que deixar meu trabalho, que é comunicação. Por que o Pablo Marçal, que também trabalha com comunicação na internet, e diz que virou o Donald Trump, ganhou bilhões com o trabalho dele, pode continuar?”, questionou o apresentador, que se afastou da TV Bandeirantes no fim de junho — a lei eleitoral exige que candidatos não podem apresentar programas em rádio e televisão nos quatro meses que antecedem as eleições.
“O cara [Marçal] leva vantagem. Você deixa de fazer seu programa. E jamais usaria para fazer política na campanha”, disse Datena, durante visita ao Hospital São Paulo, na Vila Clementino.
O tucano ainda criticou a forma como Marçal atua nas redes sociais durante a campanha. No fim de semana, a Justiça Eleitoral suspendeu os perfis do influencer, a pedido do PSB, da candidatura Tabata Amaral, por suposto abuso de poder econômico com o financiamento de cortes de vídeos. Ele abriu novas contas na sequência.
“Se ele continua na internet, não deveria, no conteúdo dele, aproveitar esses cortes que ele faz, que são verdadeiros atentados à democracia”, afirmou Datena. “Ele não coloca proposta nenhuma, faz os cortes que quer, tira sarro de todo mundo, inclusive do eleitor. Isso deveria ser pensado e repensado”, completou.
Ligação com PCC
Datena também criticou a infiltração do crime organizado no serviço público e citou as suspeitos de envolvimento de aliados de Marçal com o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não adianta manter o sistema funcionando se o crime se infiltra. É como botar água em um balde furado. Sai com convênios que não são corretos”, disse.
A partir daí, voltou o foco para as denúncias contra aliados de Marçal, como o presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche. “A gente quer tirar o PCC de dentro do sistema público de saúde e o cara se candidata de braços dados com o PCC. Isso tem que ser investigado pela polícia e também pelo Tribunal Eleitoral”, disse.
Datena também afirmou que manteve contato com Tabata e que ambos concordaram que não é possível permitir a infiltração do crime na prefeitura. “Pedi permissão para gravar um vídeo parecido com o dela e teve 3,6 milhões de visualizações”, afirmou, citando vídeo no qual acusa Marçal de envolvimento com a criminalidade.
Promessa de usar o SUS
Durante a visita ao Hospital São Paulo, na Vila Clementino, Datena criticou a demora na conclusão das obras no local e prometeu que, se for eleito prefeito, vai se tratar no sistema público de saúde.
“Se for eleito prefeito de São Paulo, e isso não é promessa, é dívida, serei atendido pela rede pública de saúde, e olha que tenho comorbidade pra caramba”, disse. “Só não sei se vou sobreviver. Com o de hoje, acho que não vivo um mês”, afirmou.
Datena tem seis stents no coração e passou por uma série de cirurgias ao longo do último ano, sendo atendido no Hospital Sírio-Libanês. “Se todo político, para qualquer cargo, fosse atendido pelo sistema público, o sistema público seria melhor que o particular”, afirmou. “A vida do político estaria em jogo”, disse.
Entre as propostas para melhorar o atendimento à população, Datena sugeriu a ampliação em duas horas do funcionamento de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) na capital paulista. “Não dá para enfrentar esse trânsito [para chegar na unidade]. Até as 21h, tá bom”, disse.
Também disse que é necessário ter duas ou três unidades funcionando 24 horas em cada uma das 32 subprefeituras. Citou que teve um infarto às 3h e só sobreviveu por ter sido levado rapidamente a hospital da rede privada.
O candidato apontou a polarização como motivo para a paralisação de obras no Hospital São Paulo. A unidade é custeada pelo governo federal, mas já recebeu recursos do estado em passado recente e atende pacientes também de fora da capital paulista.
“Temos um hospital em obras há mais ou menos dois anos. O pronto-socorro não anda. Tem entre 50 e 100 leitos parados aqui. Tem fila de ambulância aqui desde as 2h30. É uma vergonha na cidade mais rica do país”, disse.