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Datena se coloca como herdeiro de Covas e carrega nos ataques a Nunes

Ao lançar sua candidatura à Prefeitura de SP, Datena diz que Nunes não tem a “legitimidade” de Bruno Covas, de quem o prefeito foi vice

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Foto colorida com Mario Covas Neto, Marconi Perillo, José Luiz Datena e José Aníbal em convenção do PSDB
1 de 1 Foto colorida com Mario Covas Neto, Marconi Perillo, José Luiz Datena e José Aníbal em convenção do PSDB - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo – Durante a convenção que lançou oficialmente a sua candidatura à Prefeitura da capital paulista, nesse sábado (27/7), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) se colocou como herdeiro político do ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021, e ampliou os ataques ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição em outubro.

“Esse prefeito pé de barro não cumpriu metade das promessas do senhor Bruno Covas. Esse sim foi eleito legitimamente. Ele [Nunes] não tem a legitimidade de Bruno Covas. Ele não tem, de forma alguma, a legitimidade do Bruno Covas, que me convidou primeiro para ser vice dele”, afirmou Datena.

Como no dia em que se filiou ao PSDB, o apresentador repetiu que havia sido convidado por Covas, em 2020, para ser o vice na chapa, mas que como era alvo de uma “perseguição interna” no PSDB, decidiu não sair candidato para não atrapalhar a campanha do tucano.

O vice de Covas acabou sendo o próprio Ricardo Nunes, que assumiu a Prefeitura quando o tucano morreu em decorrência de um câncer. “Lamento não ter podido chegar à vice-prefeitura com meu amigo Bruno. Pelo menos, não estaria entregue a quem está entregue hoje”, disse Datena.

Ao longo da convenção, que lotou um auditório na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o apresentador foi comparado ao ex-governador Mario Covas, um dos fundadores do PSDB e avô de Bruno. Mario Covas Neto, conhecido como Zuzinha, filho do cacique tucano e tio de Bruno, foi apresentado como um dos fiadores da candidatura de Datena.

Zuzinha chegou a ser cotado para ser vice de Datena, mas o posto ficou com o presidente municipal do PSDB, o ex-senador José Aníbal. “Com todo o respeito ao nosso Zuzinha, que leva o nome Covas […] mas o nosso vice-prefeito, com a aquiescência do Zuzinha, é o Zé Aníbal”, anunciou Datena.

Presidente nacional da sigla, Marconi Perillo sinalizou que a candidatura de Datena simboliza um resgate do PSDB raiz e disse que o apresentador seguirá o legado dos tucanos que tiveram maior peso político sobre São Paulo, mesmo estado onde nasceu o partido.

“Tenho convicção de que o Datena vai dar sequência a esses legados todos do Fernando Henrique Cardoso, do José Serra, fundador também do PSDB como o José Aníbal, do Mário Covas, do Franco Montoro, dentre tantos outros grandes brasileiros que estão no DNA da criação do PSDB”, disse Perillo.

Datena contra Nunes

Datena discursou de modo enfático como se estivesse em seu programa diário na TV Bandeirantes e, olhando diretamente para as câmeras, e não mais para a plateia, ergueu o dedo indicador da mão direita e se dirigiu ao eleitorado.

“Eu sinto a tua dor, cidadão paulistano, há 26 anos. Eu sinto a tua dor todo dia”, afirmou o apresentador pela primeira vez oficialmente como candidato, após quatro desistências em eleições anteriores.

“No meu governo, que é o governo do PSDB, você vai ter esperança, trabalho, saúde, limpeza e clareza nos serviços públicos”, continuou dele, prometendo, caso seja eleito, passar um pente-fino nas licitações feitas pela Prefeitura — “enlameadas muitas delas”, nas palavras do apresentador.

Datena também disse que há “fortes indícios” de que o crime organizado está infiltrado no poder público e citou as investigações sobre a ligação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com empresas que operam o transporte público de ônibus na cidade.

“Esse cara [Nunes] dá subsídios a essas empresas [de ônibus], algumas delas investigadas e com pé na lama de pertencerem ao crime organizado. Esse prefeito aprovou licitações que não foram auditadas”, acrescentou o apresentador.

Perillo também insinuou que a gestão Nunes teria promovido um sequestro sobre a bancada do PSDB na Câmara Municipal, já que todos os vereadores deixaram o partido por preferirem manter o apoio à reeleição do prefeito.

“Tomaram todos os nossos vereadores. Quando ofereciam alguma coisa para o PSDB, o PSDB era o 10º na fila do pão”, disse o tucano.

Oposição interna

Do lado de fora do auditório onde foi realizada a convenção, uma ala do PSDB que defende o apoio à reeleição de Nunes manifestava contra a candidatura de Datena. O grupo foi apelidado de “camisas pretas” por utilizar camisetas desta cor, e não do azul característico do partido.

Liderados pelo ex-presidente do diretório municipal do partido, Fernando Alfredo, os militantes protestaram com apitos e cornetas, aos gritos de “democracia” e chamando o apresentador de “arregão”.

“Esse prefeito com os pés de barro, que provavelmente, eu não posso dizer que sim, mas isso vai ser investigado, financiou esses camisas pretas que lembram a época do nazifascismo”, disse Datena sobre os manifestantes.

O grupo bloqueou saídas de acesso e barrou a entrada de aliados de Datena, como Zuzinha, que precisou dar a volta na Alesp para chegar ao auditório e acabou se atrasando para a convenção.

Datena rebateu os ataques da ala dissidente, chamando os manifestantes de “vagabundos” e “covardes”. Ele também insinuou que Fernando Alfredo estaria a serviço de Nunes. O Metrópoles divulgou que a esposa do tucano tem um cargo comissionado na Prefeitura com salário de R$ 17,4 mil.

“Quem financiou essa gente toda que está aí fora? De onde veio dinheiro? Quem deu dinheiro para pagar carro de som, para trazer esses baderneiros?”, questionou o apresentador.

Ao fim da convenção, Datena convocou a imprensa para mostrar que ele enfrentaria os manifestantes ao sair “pela porta da frente” da Alesp. Ladeado por seguranças, o apresentador se aproximou da grade que separava a militância, concentrada do lado de fora do estacionamento, e trocou xingamentos com o grupo: “Vagabundos do caralho”.

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