Datena assume resultado “péssimo, horrível” com PSDB em São Paulo
Datena assumiu a derrota com metade das urnas apuradas e disse que teve resultado “péssimo, horrível, muito abaixo da crítica” com o PSDB
atualizado
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São Paulo — O apresentador José Luiz Datena (PSDB) reconheceu neste domingo (6/10) a derrota na eleição para a Prefeitura de São Paulo quando metade das urnas tinham sido apuradas e seus votos não chegavam a 2% do total. O candidato disse que o resultado “já era uma coisa prevista” e que seu desempenho foi abaixo do esperado pelo tamanho de seu partido. “Péssimo. Horrível. Muito abaixo da crítica.”
“O meu desempenho como candidato não foi à altura de um candidato do PSDB. Nós lutamos, tentamos construir ambientes democráticos, a gente tentou chegar até o povo. Se o povo opta por candidatos que ele julga melhor, temos que aceitar. É o que o [John] Kennedy dizia ‘ninguém é pai e nem mãe das derrotas'”, afirmou, logo no início.
O QG do partido estava esvaziado, diante da perspectiva pouco promissora em relação ao desempenho de Datena. Dos quadros históricos do PSDB, apenas o vice, José Aníbal, esteve presente ao lado do apresentador de TV.
Durante a entrevista, Datena deu sinais ambíguos em relação ao futuro na política. Primeiramente, afirmou que não tem mais pretensão de seguir a carreira, mas, por outro lado, deixou em aberto um retorno no futuro.
“Sempre aprendi na minha vida que as derrotas ensinam muito mais que as vitórias. Essa derrota foi em um campo em que não tenho mais intenção de seguir, não vou mais seguir”, disse, primeiro. “Talvez tente ser candidato a vereador numa próxima eleição ou uma coisa que caiba mais com a roupa para determinada festa”, afirmou, posteriormente.
Política
O apresentador também afirmou que, ao longo da campanha, percebeu que talvez não conseguisse transferir o carinho da população com o homem de TV para o político. “Era uma coisa que eu mais ou menos desconfiava, porque nem sempre popularidade, nem sempre sua capacidade de falar, dá certo em política. Temos casos variados e, infelizmente, aconteceu comigo”.
Segundo Datena, a experiência foi positiva, “muito legal, porque tive contato com o povo”, e que não se arrependeu da campanha. O apresentador voltou a agradecer José Aníbal, Aécio Neves e Marconi Perillo, que bancaram sua candidatura, além das pessoas que estiveram a seu lado na campanha. “Não pude fazer por eles o que eu deveria ter feito”, disse.
Questionado sobre o que a política havia ensinado ao apresentador de TV, Datena foi enfático. “Nada. Não ensinou nada. Se ensinasse alguma coisa, eu estava com 29%, 30% de votos”, disse. Depois, ponderou, dizendo que ensinou o respeito à democracia.
Como havia dito pela manhã, voltou a afirmar que não vai apoiar ninguém. “Mesmo porque, com a quantidade de votos que tenho, não sei se faria alguma diferença”, disse.
Consolação e bom humor
Sobre a votação no período da manhã, Datena afirmou que estava nervoso na caminhada até a urna e relembrou o momento em que o cozinheiro Rei Perez o abordou na chegada ao Colégio Santo Américo. “Talvez, ele já estava prevendo que eu fosse morrer, porque me recebeu com uma coroa de flores”, disse. “Foi um buquê, mas parecia uma coroa de flores”, brincou.
Com relação às declarações, de que se arrependia de ter levado a campanha até o fim, afirmou que não queria decepcionar as pessoas que o acompanharam com um resultado negativo. “O Churchill já dizia ‘às vezes é melhor ficar calado e a pessoa achar que você é um idiota do que você falar alguma coisa e as pessoas terem certeza que você é um idiota'”, disse. “Não foi com má intenção, eu tentei descontrair o ambiente ali”, afirmou.
O candidato voltou a brincar com as caminhadas curtas que marcaram a campanha, dizendo que já sabia do resultado e procurou poupar os jornalistas. No fim, questionado se não gostaria de andar um pouquinho na Paulista, comentou, bem-humorado. “Só se for na Consolação”, citando a rua vizinha.
Na saída do casarão que funciona como ninho tucano em São Paulo, o diretório municipal na Rua Minas Gerais, em Higienópolis, Datena foi abordado por um jovem integrante do partido que pediu para que não abandonasse o PSDB. Contido até então, o apresentador entrou no carro que o levou embora com os olhos cheios de lágrimas.