Cuspe na academia, tatuagem à força: as acusações contra Brennand
Preso há um mês em SP, o empresário Thiago Brennand enfrenta nesta terça (30) seu 1º julgamento; relembre os crimes dos quais ele é acusado
atualizado
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São Paulo – O empresário Thiago Brennand, 43 anos, que enfrenta nesta terça-feira seu primeiro julgamento em São Paulo, por uma acusação de estupro, responde no total a oito processos na Justiça. Além de outros crimes de violência sexual, ele é acusado de tortura, ameaça e cárcere privado, cometidos, em sua maioria, contra mulheres.
O caso que trouxe Brennand para o noticiário nacional foi a agressão contra a modelo Helena Gomes, dentro de uma academia instalada no shopping Iguatemi, em agosto do ano passado. Imagens das câmeras internas mostram o empresário batendo no tórax da mulher, puxando seus cabelos e cuspindo em seu rosto.
Segundo relato de Helena ao Ministério Público, ela já havia conversado com Brennand. Em troca de mensagens por celular, ela disse ter recusado convites do empresário para sair.
A repercussão do vídeo da agressão fez com que novas denúncias contra Brennand chegassem ao MP. Um dos casos mais chocantes envolve uma brasileira que vive fora do Brasil e, numa viagem ao país em 2021, foi convidada pelo empresário a visitá-lo em sua mansão Porto Feliz, no interior de São Paulo.
A surpresa: um tatuador
No primeiro dia de convivência, segundo a mulher, não houve problemas. A partir do segundo dia, no entanto, houve uma sequência de agressões. Ele tomou o celular da vítima e, diante de sua reação, passou a agredi-la com as mãos, com um chinelo e com um sapato. Depois, de acordo com a mulher, ela foi forçada a manter relações sexuais com ele.
No terceiro dia, ele disse que havia uma “surpresa” para ela. Uma equipe com tatuador, massagista e seguranças foi até a mansão. Contra sua vontade, a jovem teve as iniciais de Brennand (TFV) tatuadas em seu corpo. “Ele disse: ‘Você agora é propriedade minha, você vai ficar marcada’. E a arma dele ali, todo mundo vendo ele armado”, contou a vítima em entrevista.
Segundo a mulher, ninguém tentou impedir a violência. “Todo mundo conivente, presenciando eu chorando, deitada no sofá, sendo obrigada a fazer uma tatuagem, e ninguém fez absolutamente nada. Ninguém se pronuncia na frente deste homem, cara. Isso não é uma pessoa, isso não é um humano, isso é um monstro”, disse.
A jovem conseguiu chamar a polícia e deixar o local, mas Brennand não foi preso na ocasião. Após o episódio, a vítima embarcou para Recife, onde vivem seus pais, e passou a ser ameaçada pelo empresário. Ele teria, inclusive, vazado vídeos íntimos dos dois. Essa denúncia havia sido arquivada em junho do ano passado, mas foi reaberta pelo MP. Sobre esse caso, a Corregedoria da Polícia Civil investiga a delegada Nuris Pegoretti por suspeita de corrupção passiva.
Boa noite, Cinderela
Outra vítima de Brennand é a estudante de medicina Stephanie Cohen, que o conheceu em um restaurante em 2021 quando estava comemorando a vitória em um concurso de miss. Ela contou ao MP que ele a procurou depois de algum tempo e a levou a um restaurante, onde acredita ter sido dopada. A jovem teria passado mal após tomar uma caipirinha de caju, teve ânsia de vômito e não conseguia andar. Depois disso, segundo conta, Brennand a levou a um hotel.
Lá, de acordo com o relato da vítima, Brennand a estuprou e não usou preservativos. Ela disse se lembrar de dizer “não” muitas vezes. “Ele tirou minhas forças, minha dignidade”, afirmou em entrevista.
Sexo à força e ameaças
No julgamento desta terça-feira (30/5), o empresário é acusado de estuprar uma norte-americana que vive no Brasil. Ela alega que o conheceu quando tentava comprar um cavalo. Eles tiveram um relacionamento por cerca de dois meses.
A vítima disse ao MP que eles tinham uma convivência normal no início. Depois de algum tempo, ele teria passado a agir de forma violenta e a obrigava a ter relações sexuais contra sua vontade, conforme seu relato. A mulher ainda contou que Brennand ameaçou divulgar imagens íntimas caso ela terminasse o relacionamento.
No total, Brennand responde a oito processos. Os crimes dos quais ele é acusado são estupro, cárcere privado, ameaça, lesão corporal, corrupção de menores, sequestro, calúnia, injúria e difamação.
Procurada, a defesa de Thiago Brennand não se manifestou.