Cinco anos após execução de família, Cupertino enfrenta júri nesta 5ª
Paulo Cupertino Matias é julgado nesta quinta (10/10) pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, em frente à casa do réu
atualizado
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São Paulo – Preso desde 2022 pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, triplo homicídio ocorrido em 2019 na zona sul de São Paulo, Paulo Cupertino Matias vai ser submetido a um júri popular, a partir das 13h desta quinta-feira (10/10), no Fórum da Barra Funda, zona oeste.
Em uma carta escrita da cadeia ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), cujo teor foi relevado pelo Metrópoles, Cupertino argumenta que os sete jurados que irão definir sua sentença, ou eventual absolvição, foram “infectados com o vírus da mídia” — referindo-se à repercussão nacional do crime contra a família do ator de Chiquititas.
“O processo veio a público em rede nacional, me expondo e colocando todo o sigilo e segredo de justiça em ‘óbito’ e, mais uma vez, contaminando meus direitos e formando e fortalecendo uma opinião pública e negativa contra mim”, escreveu.
No manuscrito, remetido à presidência do TJSP em junho do ano passado, Cupertino pede liberdade, afirma ser inocente e diz que seus direitos foram negados, com “uma narrativa e fatos que não condizem com a verdade”.
Em uma manifestação obtida pelo Metrópoles, a promotora de Justiça Soraia Bicudo Simões Munhoz, por sua vez, afirma existirem provas e testemunhos que embasam a denúncia contra Cupertino e diz que aos jurados “caberá a análise aprofundada do mérito”.
O réu será julgado por triplo homicídio, qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Além de Cupertino, Eduardo José Machado, conhecido como o Eduardo da Pizzaria, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora serão julgados no mesmo dia por terem ajudado o acusado de homicídio durante sua fuga. O auxílio prestado por ambos na fuga foi apurado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Filha de Cupertino
Isabela Tibcherani, filha de Paulo Cupertino, estava com o então namorado no momento do crime, cometido em 9 de junho de 2019. Na época, a jovem revelou que o pai era contra o namoro. Além disso, era possessivo e odiava mulheres. Na época, Isabela se disse surpresa por não ter sido também atingida pelos tiros.
“Ainda não consigo acreditar, mas estou me esforçando. Juro que o máximo que pensei que fosse possível era meu pai sair na mão [briga de socos]. Mas quando eles [Rafael e os pais] chegaram, ele me mandou entrar e começou a atirar”, declarou a namorada de Rafael em 2019.
Como mostrado pelo Metrópoles, ela pediu à Justiça que o pai fosse retirado do plenário do júri durante seu testemunho.
Segundo a promotora Soraia Munhoz, o pedido decorre do “fundado temor e evidente constrangimento” de Isabela e a mãe dela, Vanessa Tibcherani, estarem no mesmo recinto que Cupertino.
Suposto “envenenamento”
Na carta encaminhada à Justiça, Cupertino ainda afirma que teria sido vítima de tentativa de “envenenamento” com uma suposta introdução de vidro moído em sua comida.
De acordo com o relato, isso teria acontecido quando o acusado estava encarcerado no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém, na zona leste da capital paulista.
“Sofri uma tentativa de envenenamento. Minha comida vinha com vidro moído e, depois de alguns dias, comecei a vomitar e defecar sangue. Pedi socorro médico e relatei ao agente, na época, pelo codinome Carvalho, e nada foi feito. Assim, optei em não comer mais o que era me dado”, escreveu Cupertino.
A carta foi escrita na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, para onde ele foi transferido em 7 de junho de 2022.
O crime
De acordo com denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos. Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.
Os assassinatos ocorreram há cinco anos em Pedreira, zona sul paulistana. Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas.
Paulo Cupertino foi acusado de triplo homicídio qualificado. Depois do crime, fugiu para o Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. Ele foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel.