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Vídeo: criança baleada dizia querer morrer para reencontrar pai morto

Ryan, de 4 anos, foi morto por uma bala perdida nessa terça-feira (5/11). Seu pai, Leonel Andrade Santos, foi fuzilado em fevereiro pela PM

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Criança baleada dizia que queria morrer para reencontrar pai morto - Metrópoles
1 de 1 Criança baleada dizia que queria morrer para reencontrar pai morto - Metrópoles - Foto: Reprodução

São PauloO menino de 4 anos que foi baleado na noite de terça-feira (5/11) no Morro do São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo, durante uma operação da Polícia Militar, dizia que queria morrer para reencontrar seu pai, que foi fuzilado em fevereiro durante a Operação Verão (veja abaixo). A informação foi relatada por Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan, ao Metrópoles, em março.

Leonel Andrade Santos, de 36 anos, pai de Ryan, foi morto em 9 de fevereiro na Rua São Mateus, no Morro do São Bento. No momento, ele estava acompanhado do amigo de infância Jefferson Ramos Miranda, de 37. Na época, a reportagem esteve no local e conversou com familiares das vítimas.

Veja:

Segundo Beatriz, Ryan disse que queria morrer para reencontrar o pai. “Todo dia eu tenho que explicar. Todo dia eles perguntam do pai. Esses dias meu filho mais novo falou: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Aí, eu desviei o olhar, tentei conversar de outra coisa para ver se ele se distraía. E ele repetia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer, e tem que ser agora, porque eu quero ver meu pai’. ‘Filho, a gente não pode antecipar isso, Deus vai preparar nossa hora e um dia a gente vai rever o papai, mas, por enquanto, a gente vai ter que caminhar’”.

Bala provavelmente partiu de PM

O porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, coronel Emerson Massera, disse, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (6/11), que o disparo provavelmente partiu da arma de um PM.

“Pela dinâmica da ocorrência, nós temos que, provavelmente, o disparo que atingiu o menino partiu de uma arma de um policial militar. O projétil ficou alojado, nós teremos agora condições de fazer o confronto balístico e, com o resultado da perícia, nós podemos ter essa conclusão 100%. Mas, tudo indica que, pela dinâmica da ocorrência e pela forma como o cenário se dispôs, esse disparo provavelmente partiu da arma de um policial”, disse Massera.

Ryan da Silva Andrade morreu após ser atingido por uma bala perdida disparada durante uma operação policial. Outros dois adolescentes, de 17 e 15 anos, também foram baleados; o mais velho morreu durante a troca de tiros com PMs.

Após ser atingida, a criança chegou a ser levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

O porta-voz da PM, Emerson Massera, afirmou que uma das suspeitas é que Ryan tenha sido baleado enquanto brincava na rua.

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Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
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Beatriz da Silva Rosa, mãe do menino Ryan, caminha em março de 2024 pelo Morro São Bento, em Santos

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Operação Verão

Leonel Andrade Santos, de 36 anos, pai de Ryan, foi morto por policiais militares com tiros de fuzil na mesma região em fevereiro, durante uma ação da Operação Verão. Ele tinha uma deficiência na perna e andava de muleta.

Apesar disso, os agentes do Comando de Operações Especiais (COE) envolvidos na ocorrência disseram que ele estava armado e teria atirado. Jefferson Ramos Miranda, de 37 anos, amigo de Leonel, também foi morto. A ação ocorreu na Rua São Mateus, também em Morro do São Bento.

Familiares das vítimas afirmam que, após a execução, os policiais impediram uma equipe de socorro de chegar aos corpos. Segundo os relatos, Leonel e Jefferson foram levados para a Santa Casa de Santos já sem vida.

De acordo com os policiais, Leonel e Jefferson estavam armados e carregando uma sacola e, assim que notaram a presença dos PMs, teriam começado a atirar.

Veja cenas do confronto que resultou em morte de Ryan:

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública lamentou a morte da criança baleada durante o confronto.

“Os policiais militares agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente 10 criminosos”, disse a pasta.

A Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança, segundo informações da SSP.

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