Criança amarrada em poste: polícia pede prisão de donos de escola
Ex-funcionária de escola infantil da zona sul de SP gravou vídeos em que donos do estabelecimento praticam maus-tratos contra crianças
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A Polícia Civil de São Paulo pediu nesta sexta-feira (23/6) a prisão temporária do casal de donos de uma escola infantil particular localizada no Cambuci, na zona sul de São Paulo. Segundo denúncias feitas por uma ex-funcionária, que gravou vídeos, eles praticaram maus-tratos contra alunos. A polícia também pediu à Justiça um mandado de busca e apreensão.
Um dos vídeos feitos pela ex-funcionária, que trabalhou no local por dois meses, mostra a dona da escola e uma funcionária advertindo crianças entre 1 e 2 anos de idade com gritos e xingamentos. Em uma das cenas, um menino aparece amarrado a uma pilastra com a própria blusa.
Outro aluno, que fez xixi na roupa, ouve os gritos de uma funcionária na frente dos colegas. “Hoje você não fez xixi na roupa por qual motivo? Vou começar a conversar com você e gravar as suas respostas. Quando a sua mãe, seu pai ou sei lá quem vier te buscar, eu vou pegar e colocar: ‘Aqui a resposta do seu filho pra mim’”.
Em outro momento, a diretora chama a atenção de uma menina de pouco mais de 1 ano para que ela guarde os brinquedos que estão no chão. “Eram só quatro pecinhas, e já que você quer dar uma de louca, vai guardar tudo”, diz a diretora para a criança, que é vista chorando (veja um trecho abaixo).
Indignada com a situação, a ex-funcionária procurou os pais das crianças vítimas de castigos e maus-tratos e relatou o que acontecia dentro da escola. A partir daí, os familiares procuraram a delegacia.
“Já ouvimos 12 mães e os relatos são muito parecidos: seus filhos apresentam mudança de comportamento, estão assustados, com medo de ficar no escuro e até comendo demais porque não estariam sendo alimentados na escola”, afirma Fábio Daré, delegado do 6º Distrito Policial.
A polícia ainda não sabe há quanto tempo as crianças vinham sofrendo esses “castigos”. Além dos donos da escola, duas estagiárias que trabalham no local serão chamadas para depor.
A Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil aguarda a decisão do Poder Judiciário e que as investigações continuam em andamento. Após as denúncias, a escola fechou as portas na quarta-feira (21/6).
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informou que “é contra qualquer tipo de violência, seja dentro ou fora das escolas”. Segundo o órgão, a diretoria de ensino Centro-Sul abriu uma averiguação sobre todos os relatos apontados e encaminhou o processo de sindicância para a Seduc-SP, onde as partes serão ouvidas e todos os documentos serão analisados. “Após conclusão, as medidas cabíveis serão tomadas.”
O Metrópoles tentou entrar em contato com representantes da escola por telefone fixo e celular, mas ninguém respondeu. O perfil da instituição no Instagram está fora do ar. O espaço segue aberto para manifestações.