Cremesp chama vítima de estupro para prestar depoimento contra médico
Médico cirurgião Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos, está foragido da Justiça; ele é suspeito de estuprar ao menos seis pacientes
atualizado
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São Paulo – O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) chamou uma enfermeira de 47 anos para prestar depoimento em sindicância aberta para investigar o médico proctologista Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos, acusado de estuprar ao menos seis pacientes mulheres.
Como mostrado pelo Metrópoles, ela é uma das seis vítimas que afirmam terem sido estupradas pelo cirurgião.
A entidade, por meio de seu Tribunal de Ética Médica, apura as denúncias relacionadas à conduta ética e profissional do proctologista. Berchielli segue foragido da Justiça, que decretou sua prisão por tempo indeterminado, até a publicação desta reportagem.
Ele foi investigado, denunciado e teve a prisão preventiva decretada graças a uma enfermeira de 47 anos que não mediu esforços para expor o médico, que teria abusado sexualmente dela após uma cirurgia de hemorroida.
O crime sexual ocorreu em 26 de agosto de 2021, na clínica de Berchielli, que fica na zona leste da capital paulista.
“Imagina você pagar para ser abusada sexualmente. Paguei para ser estuprada. Minha vida inteira mudou, espero que a justiça seja feita e ele seja preso”, afirmou a vítima ao Metrópoles
O registro profissional dele continua ativo no site do Cremesp.
O abuso
A enfermeira relatou ao Metrópoles que foi estuprada pelo cirurgião logo depois de ser submetida a uma cirurgia de hemorroida, em agosto do ano passado.
“Eu estava ainda grogue, por causa da anestesia. Mas lembro, em flashs, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca.”
Antes do abuso, o médico teria dado mais medicação à vítima. A enfermeira acrescentou que, por causa do excesso de remédios, “apagou” quando retornou para casa, em uma sexta-feira, e acordou somente no domingo.
“Quando acordei senti uma dor terrível na região do ânus. Ele me abusou no local onde havia feito a cirurgia. Fui em seguida na delegacia, para registrar um boletim de ocorrência.”
Berchielli foi denunciado pelo promotor de Justiça Daniel Magalhães Albuquerque Silva, em 9 de agosto. O pedido foi referendado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Defesa e Cremesp
O advogado Daniel Leon Bialski, em nota enviada ao Metrópoles, refuta e nega as acusações feitas contra o médico.
O defensor disse ainda ter firme convicção de que a inocência do cirurgião “será comprovada durante o processo”.
“Declaramos, ainda, que sua atuação sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira, na qual atendeu e realizou procedimentos em milhares de pacientes, sem qualquer intercorrência ou acusação semelhante”, assinalou.
Bialski teve um pedido de habeas corpus negado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 6 de setembro.
O Cremesp afirmou investigar o cirurgião, “sob sigilo determinado por lei”.